Garante o Sol que “depois de, há uma semana, Paulo Portas e Vítor Gaspar terem admitido discutir com os socialistas algumas das suas propostas para a saída da crise, António José Seguro entrou no plenário da Assembleia, na passada quarta-feira, na expectativa. Ao fim de ouvir Passos Coelho falar, desabafava que já não havia como. A «última oportunidade» para o diálogo acabou. E Seguro prometeu para a «altura oportuna» a devida consequência. Qual é? A resposta mal disfarçada pela direcção socialista é a da apresentação de uma moção de censura ao Governo. Para já, o líder do PS quer esperar. Primeiro pelas conclusões da sétima revisão da troika. Sendo certo que, neste plano, pôs bem alta a fasquia para o Governo: mais um ano para o défice «não chega», disse Seguro na Assembleia; e os cortes de quatro mil milhões não podem tocar na Saúde, Educação ou Segurança Social. Um segundo factor a considerar é a decisão do Tribunal Constitucional sobre o Orçamento do Estado em vigor – que deverá chegar até ao final deste mês. A interrogação no Largo do Rato é se, havendo um chumbo de algumas medidas, Vítor Gaspar aplica novas medidas de aperto para as compensar. A acontecer, será mais uma razão para dar o passo definitivo da ruptura com o Executivo – e pedir formalmente a sua saída (coisa que, até aqui, Seguro resistiu em fazer). «Este é um mês importante», admite uma fonte próxima do líder socialista ao SOL. A acontecer em seguida, a censura ao Governo cola-se a algumas semanas de afirmação política do partido. Seguro vai a eleições directas no partido a 13 de Abril e o congresso é duas semanas depois. Seguem-se as datas simbólicas do 25 de Abril e do 1.º de Maio – uma sequência que alguns, próximos de Seguro, encaram como uma rampa de lançamento do partido para as autárquicas.
Moção ‘congelada’, problema em Évora
No que respeita aos calendários internos, falta conhecer ainda a moção de estratégia de Seguro ao congresso, entregue já há uma semana na sede. O compasso de espera imposto por Joaquim Raposo (responsável pela organização do conclave) serve para que um dos dois candidatos que se apresentaram contra o líder possa corrigir os problemas identificados nas assinaturas que apresentou. Pelo meio, Seguro tem mantido contacto com António Costa. O texto da sua moção mantém, de resto, o que ficou assente no Documento de Coimbra, em que a paz interna foi selada, acrescentando-lhe dez páginas apenas. O maior desafio é o das autárquicas, onde permanecem por resolver três capitais de distrito. Setúbal e Faro continuam sem candidato. Évora encaminha-se agora para um ‘peso-pluma’, João Brigola, depois de todas as sondagens feitas pela direcção terem sido declinadas (casos de Capoulas Santos e até do líder parlamentar, Carlos Zorrinho)”