Segundo o Dinheiro Vivo, "a transparência das finanças públicas do Estado do Vaticano é uma das tarefas hercúleas do próximo Papa. São 33 mil contas bancárias e ativos num valor estimado de aproximadamente 6 mil milhões de euros, um pouco mais do que o corte previsto na despesa pública portuguesa até 2015 (4 mil milhões de euros). A alegada falta de transparência tem já um efeito prático: não é possível pagar nada sem dinheiro vivo naquele pequeno Estado. O problema central chama-se Instituto para Obras Religiosas, o Banco do Vaticano. Os pormenores sobre os detentores das contas e transações são do foro privado, escusando a abrir o misterioso mundo das finanças estatais ao escrutínio de organizações internacionais. O Papa resignatário bem tentou tirar o Vaticano da lista negra de países da OCDE que não seguem as regras do sector bancário. Um dos últimos atos oficiais de Bento XVI foi nomear, em fevereiro último, Ernst von Freyberg, advogado e homem de negócios alemão, para o Conselho de Administração do banco, na esperança de que ele pudesse resolver o problema da falta de transparência. Von Freyberg substituiu Ettore Gotti Tedeschi, despedido em maio de 2012. Em janeiro deste ano, os bancos italianos receberam ordens para não atuarem no Vaticano devido à falta de regulação e dispositivos anti-branqueamento do banco do Vaticano. O resultado é que os habitantes e, sobretudo, os peregrinos não podem usar ATM (caixas multibanco) e os cartões de débito e crédito estão temporariamente interditos. Ou seja, os visitantes têm de pagar em notas e moedas. Os museus, que em 2011 tiveram uma receita de 94 milhões de euros, contam-se entre os principais prejudicados. Em 2010, as autoridades italianas tinham apreendido 23 milhões de euros de uma conta bancária do Vaticano no âmbito de uma operação contra branqueamento de capitais. O banco tinha já entrado nos noticiários em 1982, depois de Roberto Calvi, conselheiro financeiro da instituição, se ter enforcado em Londres. Calvi era o presidente do Banco Ambrosiano, entidade que faliu depois de terem desaparecido milhares de milhões de euros em empréstimos a empresas da América Latina controladas pelo Banco do Vaticano. Apesar de ter negado qualquer responsabilidade, o Banco do Vaticano acabou mesmo por pagar mais de 190 mil milhões aos credores do Banco Ambrosiano"