quarta-feira, março 06, 2013

Nazismo: novo estudo aponta para mais de 15 milhões de vítimas

Li no DN de Lisboa que uma "consulta de novos arquivos e uma busca meticulosa multiplicaram por três o impacto do nazismo durante a II Guerra Mundial. Auschwitz e o Gueto de Varsóvia simbolizaram tanto o Holocausto que houve pouco esforço de memória coletiva para lembrar os milhares de locais onde o nazismo também levou a cabo os seus planos de morte. Os centros de extermínio em massa estão bem documentados, mas faltava uma observação mais atenta. Isso é o que está a fazer o Holocausto Memorial Museum de Washington através do projeto "Enciclopédia dos Campos e Guetos". Segundo o jornal espanhol "ABC", o resultado, até agora, é um mapa de 42.500 campos de concentração, guetos, fábricas de trabalhos forçados e outros lugares de detenção distribuídos por toda a Europa, da França à Rússia. No total, entre 15 e 20 milhões de pessoas morreram ou estiveram detidas nesses centros, na sua maioria judeus, mas também integrantes de outros grupos perseguidos pelos nazis como ciganos ou homossexuais."Os números são mais altos do que se pensava de início. Já sabíamos que a vida era horrível nos campos e guetos, mas os números são absolutamente incríveis", afirma Hartmut Berghoff, diretor do German Historical Institute de Washington, onde um forum académico revelou as novas investigações avançadas pelo jornal norte-americano "The New York Times". Os valores, fruto do trabalho de vários investigadores e obtidos a partir de testemunhos das vítimas, falam por si: 30.000 campos de trabalhos forçados, 1.1150 guetos de judeus, 980 campos de concentração, 500 bordéis de prostituição forçada e milhares de centros destinados à prática da eutanásia a pessoas dementes e a abortos forçados. Os números têm diversas consequências. Uma é a constatação de que dificilmente a população alemã podia ignorar o que se estava a passar. Em Berlim, por exemplo, os investigadores documentaram cerca de 3.000 campos e "casas judias" onde se concentravam os prisioneiros antes da sua deportação para Leste. Segundo Martin Dean, editor do novo volume da Enciclopédia (o segundo de cinco volumes), "não se podia ir a nenhum lado na Alemanha sem nos depararmos com campos de trabalhos forçados, campos de prisioneiros de guerra ou campos de concentração. Estavam em todo o lado". Por isso, insiste,"não são sustentáveis as alegações de muitos alemães de que não tinham conhecimento do que se estava a passar com os seus vizinhos judeus". Outra das consequências é que agora pode aumentar o número de famílias das vítimas a pedir indemnizações em tribunal. Até agora tinham existido processos judiciais contra grandes empresas que se aproveitaram da mão de obra escrava do Terceiro Reich, mas poucas vezes foi possível exigir indemnizações a empresários mais pequenos. A investigação, para conseguir obter um mapa completo da geografia dos campos e guetos do nazismo teve um impulso decisivo com a abertura dos arquivos que pertenciam à antiga União Soviética. Segundo Martin Dean, "ao estarem disponíveis nas últimas décadas foram cruciais para identificar guetos em locais tão distantes como a Lituânia ou a Federação Russa, que apenas eram mencionados em documentação alemã".