Considerando este comunicado hoje distribuído pela Procuradoria-Geral da República, e que devia ser documento mais do que suficiente para que as coisas sejam postas no seu devido lugar, a pergunta que faço é esta: como é que será feita a discussão, e na base do quê concretamente, das moções de censura agendadas pela Assembleia? Em pura ficção? Ou vão mudar à pressa os fundamentos do pedido regimental? Face a este comunicado alguma coisa tem que ser feita. Vamos ter uma discussão com base numa notícia (da RTP) dando como certo determinado cenário mas que as entidades judicias competentes desmentem?! Que raio de discussão será essa? Podemos interrogar-nos agora é isto: corre-se o risco ou não de estarmos perante uma situação que pode ser considerada, com óbvia acuidade, de indevida pressão sobre a justiça relativamente a um processo sem arguidos, ainda em investigação e em segredo de justiça?! Acusando pessoas com base em quê?! Em desejos? Em esperanças? Em deduções? Com base em pretensas acusações que não existem? Insistindo como verdadeira numa notícia da RTP - porque foi apenas disso que se tratou - que não foi pelos vistos devidamente confirmada previamente, por quem de direito, que este comunicado desmente.
Não se trata de colocar a carroça à frente dos bois - até porque havendo um processos instaurado e uma investigação em curso, ela tem que ter um epílogo, seja ele qual for e quando a justiça o entender fazer? Em última instância não corremos o risco de estar perante o que poderá ser uma pressão sobre a justiça? São apenas ideias para reflexão. Que não invalidam, obviamente, que no final deste processo, perante factos concretos, estas iniciativas tenham cabimento e alguma lógica política, se for esse o entendimento dos partidos que pelos vistos não ficam bem também neste retrato. O que por enquanto, repito, fase a este comunicado, não acontece.