quarta-feira, março 06, 2013

Credibilidade da S&P corroída devido a cumplicidade em negócios "tóxicos"

Segundo o Jornal de Negócios, "antes do mercado imobiliário ruir, muitos foram os que pressionaram empresas como a Standard & Poor’s para que estas colaborassem, e atribuissem “ratings” simpáticos às obrigações de dívida colateralizada, enquanto o mercado ainda aguentava. O mercado das obrigações imobiliárias estava quase a tombar, quando David Tesher reuniu com a Standard & Poor’s, em Março de 2007. Tesher, director executivo, disse aos analistas de “ratings” que os clientes de Wall Street estavam sob pressão para converterem os seus empréstimos “tóxicos” em obrigações de dívida colateralizada (CDO na sigla inglesa), que misturavam activos ilíquidos com outros mais solúveis, antes que o mercado estourasse. Os emissores precisavam das notas mais altas nestas obrigações “reembaladas” para que as pudessem vender a fundos de pensões, bancos e outros investidores, tornando-as "armas financeiras de destruição massiva", nas palavras de Warren Buffett. Tesher pediu à S&P para “tentar cooperar”, segundo noticia a Bloomberg. Na mesma semana, na Flórida, um fundo dos trabalhadores da Eastern Airlines decidiu comprar algumas dessas CDO. A decisão revelou-se fatal. Em apenas um ano, o investimento de 149,2 milhões de dólares, cerca de 115 milhões de euros, estava perdido. Em 2009, também a Eastern Financial estava falida, vítima daquilo a que o governo apelidou de fraude de padrões baixos, onde onde bancos obtinham as notações financeiras que queriam. “Estamos em sarilhos, porque as empresas de 'rating' determinam onde é que o dinheiro é colocado pelos fundos de pensões e outros”, afirmou Paul Kanjorski, antigo congressista democrata. “Uma vez que Wall Street tomou decisões baseadas em fluxos de transacções em vez de honestidade e lucros reais, a coisa tornou-se terrível”.Durante décadas a S&P e a Moody’s beneficiaram de fiabilidade e da benção dos governos. As primeiras tentativas do Congresso para tomar as rédeas falharam, e agora as maiores empresas de “ratings” estão a ser acusadas de violar os seus padrões. A atribuição de culpa à S&P “poderá ser um acordar explosivo para que a reforma financeira chegue ao topo das agendas nacionais, onde devia estar”, afirmou Dennis M. Kelleher, presidente executivo da Better Markets. “Os reguladores podem finalmente para de ouvir os grupos de interesse de Wall Street e passar a proteger os contribuintes dos riscos”.