segunda-feira, março 11, 2013

Ana Drago no centro da guerra do Bloco?

O Sol garante que sim: "O processo de escolha dos candidatos autárquicos foi a gota de água para Daniel Oliveira, que esta semana se demitiu do Bloco de Esquerda, acusando o partido de ‘deriva sectária’ e afirmando que Francisco Louçã continua a comandar o Bloco, sendo a nova corrente Socialismo um instrumento desse domínio. Ao que o SOL apurou, a razão concreta envolve Ana Drago. A deputada estava na calha para ser candidata a presidente da Assembleia Municipal de Lisboa pelo BE, mas o seu nome foi vetado. Nos últimos dias percebeu-se que a direcção tenciona propor para o lugar Mariana Mortágua, uma jovem economista que assinou, há um ano, com Francisco Louçã um livro sobre a crise das dívidas soberanas. A decisão sobre os candidatos em Lisboa está marcada para a próxima semana num plenário de militantes da concelhia (dia 14). Como cabeça de lista à câmara, o nome de José Guilherme Gusmão (ex-deputado e irmão de Daniel Oliveira) aparece ainda como o mais forte. Mas a decisão não estará fechada. «O debate foi alargado às várias estruturas do BE, com máximo envolvimento dos militantes, de forma mais ampla, para que daqui saia uma candidatura sólida que una o partido. Se não houvesse democracia interna o candidato estava escolhido há meses», diz ao SOL fonte da concelhia. Na carta de demissão, Daniel Oliveira é assertivo nas acusações sobre o processo autárquico, sem referir nomes. Escreve que «a escolha de alguns candidatos obedeceu a lógicas de mera luta interna entre correntes» e houve pessoas que «apesar de serem indiscutivelmente uma mais-valia para o partido» e de terem apoios «foram vetadas por sectores da direcção ultra-sectários», diz Oliveira na carta entregue ao início da semana. Mais à frente escreve que o BE «se dedica à exclusão de militantes». O co-fundador do BE e ex-dirigente dispara também sobre a corrente Socialismo, que tem co-autoria de Louçã, com o objectivo de se subsitituir às três correntes fundadoras (UDP, Política XXI/Fórum Manifesto e PSR). E diz que Louçã julga que será «de forma vitalícia» líder do BE. A questão da nova corrente interna, a Socialismo, vai ser discutida pela Manifesto/Política XXI, a ala de ex-comunistas e sociais-democratas, a que Daniel Oliveira pertence. Apesar de se demitir do BE, Daniel Oliveira vai continuar na Manifesto, apurou o SOL. É que a corrente admite a filiação de não militantes. A reunião da Manifesto está marcada para dia 16 e a maioria dos seus membros estará inclinada para recusar a entrada na corrente hegemónica de Louçã. Os criadores da nova corrente Socialismo afastam a possibilidade de duas filiações em simultâneo. «Está claro desde o princípio. Não há equívocos. O desafio que enunciamos é a superação das três correntes fundadoras. Convidamos todas as pessoas a fazerem as suas escolhas», diz ao SOL José Manuel Pureza, um dos três criadores da corrente Socialismo (com Francisco Louçã e João Semedo). Pureza, actual membro da Comissão Política e ex-líder parlamentar do BE, dá o seu próprio exemplo. «Eu estive ligado à Fórum Manifesto/Política XXI. A partir do momento em que decidi tornar pública esta iniciativa não faria o mínimo sentido estar em dois lados ao mesmo tempo. Por razões de bom-senso, já nem digo de moral». A nova corrente tem sido acusada de querer homogeneizar o Bloco. Pureza contesta: «Repudio a unicidade. É um fantasma. É uma mentira, de má-fé que se vá sufocar as pluralidades». A corrente Socialismo reuniu no domingo passado e decidiu iniciar uma campanha de esclareciemento. «Entendemos fazer debates descentralizados com todos os bloquistas». Daqui a «um mês, um mês e meio, tomaremos decisões na criação da nova corrente», explica Pureza"