Escreve o Económico que “a administração da RTP considerou hoje "lamentável" que a comissão de trabalhadores da empresa tivesse entregado à comissão parlamentar para a Ética, Cidadania e Comunicação documentos do plano de reestruturação da RTP, apesar de estarem classificados como "confidenciais". A comissão de trabalhadores (CT), "sem autorização nem conhecimento" do Conselho de Administração (CA) entregou o referido documento confidencial à comissão de Ética do Parlamento, alegando que a própria administração o tinha entregado aos dirigentes sindicais e que, "portanto, tinha deixado de ser confidencial", assinala um comunicado divulgado hoje pelo gabinete de Alberto da Ponte, a que a Lusa teve acesso. Esta condenação da administração da RTP surge depois de um comunicado anterior da CT, em que os trabalhadores afirmam que "há medidas de reestruturação a serem tomadas há vários meses e continua a não ser conhecido, na forma escrita que seria exigível, o fio condutor dessas medidas", acusando ainda o CA de ter entregado nas últimas duas semanas "dois rascunhos" do plano de reestruturação de que a imprensa "já começou a falar" em "termos pouco abonatórios".
"Ora, o documento é do Conselho de Administração está em fase de elaboração e está classificado de confidencial, o que significa que todas as pessoas que o recebam estão obrigadas a essa confidencialidade", contrapõe a administração da RTP. A administração condena finalmente a comissão de trabalhadores da RTP por ter trazido para "a praça pública sem estar autorizada a fazê-lo (vide a imprensa dos últimos dias) um documento de reestruturação confidencial interno que devia ter sido analisado, discutido e desenvolvido apenas dentro da empresa e por quem nela trabalha".
Esta é uma posição que choca com a da CT, que hoje apelou à administração para que "torne pública a sua proposta de reestruturação, para que ela deixe de ser comentada por portas travessas e passe a sê-lo de forma directa e frontal". E se a administração considera "lamentável" - termo com que termina o seu comunicado -- esta atitude da CT, os trabalhadores contestam com a convicção de que "um verdadeiro plano de reestruturação deve ser objecto de discussão pública".
"O CA deve assumir perante a palmatória crítica da imprensa os documentos que elabora, defendê-los se os achar defensáveis e alterá-los onde entender que é justa a crítica da CT, da imprensa, do Parlamento", defendem os trabalhadores. Esta questão tem como pano de fundo uma ordem de serviço de 2003, que o CA da RTP reanimou no passado dia 8 de Fevereiro, e na qual a equipa de Alberto da Ponte recomendava aos trabalhadores da empresa "rigoroso cumprimento" do dever de confidencialidade e sublinhava que "a obrigação de não divulgar informações referentes à organização, métodos de trabalho, negócios e actividades da RTP é um dos deveres que integram a relação jurídica de trabalho subordinado". Na mesma ordem de serviço, a administração sustentava que o incumprimento daqueles deveres e obrigações tem sido "sistemático" e constitui "infracção disciplinar".