quarta-feira, outubro 05, 2011

Salários em Portugal caíram pela primeira vez desde 2003

Garante o Económicodados do Ministério da Segurança Social dão conta de uma queda de 0,8% em Outubro de 2010, a primeira desde 2003. Os ganhos reais dos trabalhadores por conta de outrem - incluindo montantes brutos de salário base, prémios e subsídios regulares e pagamento de horas extraordinárias - caíram 0,8% em Outubro de 2010, face ao mesmo período do ano anterior. É a primeira vez que se assiste a uma quebra real significativa desde Abril de 1999, altura em que a descida rondou 1%. Depois disso, também se registou uma queda, mas pouco significativa, de 0,03% em Outubro de 2003. Os dados constam dos vários Inquéritos aos Ganhos e Duração do Trabalho, que foram recentemente actualizados. Sublinhe-se que estes inquéritos do Ministério da Solidariedade e da Segurança Social reportam-se apenas a dois meses: Abril e Outubro. Ainda assim, sem olhar para o efeito da inflação, o rendimento bruto médio atingiu 1.118,48 euros em Outubro de 2010, o que corresponde a uma subida homóloga de 1,5%. Já em relação Abril de 2010, o crescimento foi de 0,8%. "Após a desaceleração da evolução salarial nominal, iniciada em Abril de 2008, verificou-se, no mês de referência, uma ligeira recuperação do crescimento do ganho médio mensal", lê-se no documento.Salário-base ganha importância face a outras prestações.
Salário-base ganha importância face a outras prestações
Olhando apenas para a remuneração-base bruta (antes de descontos), é possível observar um crescimento de 2,6% nesta componente, para 942,38 euros. Isto significa que o crescimento desta parcela foi superior, em 1,1 pontos percentuais, ao observado apenas nos ganhos. "Esta situação deve-se à evolução da componente não fixa do ganho, que, nos últimos períodos, tem vindo a perder importância, revelando, em Outubro de 2010, o peso mais baixo da série", continua o relatório do Gabinete de Estratégia e Planeamento.
Electricidade tem rendimentos mais elevados
Por actividade económica, é a "electricidade" que conta com ganho mensal mais elevado, atingindo 2685,96 euros médios. Já a remuneração-base quase atinge os dois mil euros. As "actividades financeiras e de seguros" seguem-se, com rendimentos totais de 2318,73 euros. No final da lista está "alojamento, restauração e similares", com 764,92 euros de ganhos brutos, e "actividades de saúde humana e apoio social", com 874,03 euros.
Rendimento dos dirigentes é quase o triplo da média
O ganho médio mensal (antes dos descontos e incluindo salário, prestações regulares e horas extra) dos empregados aumentou 2,2% em Outubro, face ao período homólogo, atingindo 1.198,78 euros. Este foi o maior aumento registado entre as quatro categorias analisadas pelo Inquérito aos Ganhos. Logo de seguida, surgem os dirigentes, que observaram uma subida homóloga de 2% e um rendimento médio de três mil euros. Por fim, os operários viram o seu rendimento médio subir 0,9%, para 813.35 euros e os aprendizes registaram subidas salariais de 0,2%, para 613 euros. Contas feitas, o rendimento dos dirigentes é 168% superior ao ganho médio de todas as categorias. Além disso, é 389% superior ao rendimento dos aprendizes e está 269% acima dos ganhos dos operários. No entanto, quando a análise incide no salário-base, é possível perceber que esta componente aumentou mais no caso de aprendizes, grupo caracterizado por grande volatilidade e marcado por salários baixos. Aqui, a remuneração-base subiu 4,1% para 518,94 euros. Surgem depois os dirigentes (crescimento de 3,8%), com 2.783,58 euros e os empregados (subida de 3,4%), com 1011,16 euros. Os operários têm um salário-base de 658,02 euros, depois de um crescimento de 1,8%. Neste caso, os dirigentes e os empregados ganham mais, respectivamente, 323% e 54% do que os operários. Face aos aprendizes, a diferença é bem maior: 436% e 95%, respectivamente.
10,5% dos trabalhadores recebem salário mínimo
Em Outubro de 2010, cerca de 10,5% dos trabalhadores por conta de outrem, a tempo completo, recebiam o salário mínimo. Em causa está um crescimento homólogo de 0,7 pontos percentuais. No entanto, a subida face a Abril é superior em 1,1 pontos. Nesta altura, o salário mínimo era de 475 euros. A proporção de mulheres a receber a remuneração mínima aumentou para 14,4%, "o valor mais elevado dos últimos anos", diz o documento. No caso dos homens, o valor também subiu, para 7,5%. Por sectores, o destaque vai para "Outras actividades de serviços", já que o salário mínimo abrangia 20,5% dos trabalhadores. Segue-se "alojamento, restauração e similares", com 16,4%, e "actividades imobiliárias", com 15,7%. Os valores mais baixos foram registados nas actividades relacionadas com "electricidade" e "actividades financeiras e de seguros". Entre Abril e Outubro de 2010, apenas a área de "transporte e armazenagem" não assistiu a um crescimento no número de trabalhadores a receber salário mínimo. Aqui, observa-se uma descida de 0,5 pontos”.

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