quarta-feira, outubro 05, 2011

Portugal entre os países mais endividados do mundo

Segundo o jornalista do Económico, Luís Leitão, o nosso país “está entre as sete economias que apresentará uma dívida pública superior a 100% do PIB. A dívida directa do Estado contabilizou 168.888 milhões de euros no final de Agosto, segundo revela hoje o Instituto de Gestão da Tesouraria e do Crédito Público (IGCP) no seu relatório mensal de Setembro. Trata-se de um valor equivalente a 16 mil euros por português ou 98% da riqueza gerada em Portugal no ano passado. E segundo estimativas do Fundo Monetário Internacional (FMI) este rácio não deverá baixar até, pelo menos, 2016. De acordo com estimativas dos especialistas do FMI, publicadas ontem no relatório "Global Fiscal", Portugal será um dos sete países do mundo que este ano apresentará uma dívida pública superior a 100% do PIB com um rácio de endividamento de 106% da riqueza gerada no país. "É um reflexo de como o país seguiu políticas erradas nos últimos anos. É preciso perceber que só chegámos a esta situação de endividamento externo e crescimento anémico há mais de dez anos, porque seguimos o modelo económico errado", justifica o ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira. Mas as más notícias não ficam por aqui. Segundo os cálculos do FMI, a dívida pública continuará a ser superior ao PIB até, pelos menos 2016. Numa situação parecida à portuguesa só estão os EUA, a Irlanda e a Itália, que dentro de cinco anos deverão apresentar um ‘stock' de dívida equivalente a 115% do PIB. Mas, mesmo assim, longe do quadro negro da Grécia e do Japão que, de acordo com as estimativas dos especialistas, apresentarão, em 2016, uma dívida pública equivalente a 163% e 253% do PIB. "Estamos numa crise bastante grande, mas nem tudo vai mal na economia portuguesa porque temos as exportações a crescer a 6% ou 7% ao ano, num ambiente de grande concorrência a nível externo, com uma moeda bastante forte, e mesmo assim, as nossas exportações, inclusive em sectores até agora considerados tradicionais, como os têxteis e calçado a crescer a taxas recorde", salienta Santos Pereira.
Banca protege dívida pública de maiores ataques especulativos
Entre os países da zona euro intervencionados pelo FMI e pela União Europeia, Portugal é o que apresenta uma menor exposição à especulação dos investidores em redor da sua dívida. De acordo com o relatório "Global Fiscal" do FMI, mais de um terço dos títulos de dívida emitidos pela República estão em mãos de investidores nacionais. Só os bancos, detém 23% deste bolo. Este valor é significativo porque "os investidores não nacionais estão mais dispostos a transferir os seus investimentos para outro país do que os investidores domésticos, e os bancos centrais estrangeiros poderão também seguir práticas de investimento diferentes de outros participantes do mercado", refere o FMI no relatório.No caso da Irlanda, 65% dos títulos emitidos pelo Governo está, actualmente, em mãos estrangeiras, sendo que 18% estão alocado no balanço dos bancos irlandeses. No caso de Atenas, as fragilidades são maiores nesta matéria, com apenas 17% das obrigações helénicas a figurarem em mãos nacionais”.

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