quarta-feira, outubro 12, 2011

Ponta Delgada: Açores, Madeira e Canárias debatem problemas distintos de saúde

Li no Correio dos Açores num texto da jornalista Ana Sofia que "Médicos dos Açores, Madeira, Canárias e Cabo Verde juntam-se nas XXXVII Jornadas Médicas das Ilhas Atlânticas onde vão debater problemas comuns aos quatro arquipélagos, mas também conhecer as diferenças na forma como lidam com a saúde. A saúde pública é o principal enfoque deste congresso internacional que decorre até 15 de Outubro. A partir de hoje e até sábado, vão reunir-se em Ponta Delgada dezenas de médicos das ilhas da Macaronésia para debater a o serviço de saúde dos arquipélagos dos Açores, Madeira, Canárias e Cabo Verde. Nas XXXVII Jornadas Médicas das Ilhas Atlânticas, que este ano decorrem em São Miguel, o objectivo é ter uma visão global da saúde dos quatro arquipélagos participantes. Como acrescenta Fontes e Sousa, membro da Comissão Organizadora das jornadas, “são umas jornadas que andam muito à volta da saúde pública” e os contactos estabelecidos entre os médicos que vão marcar presença torna-se fundamental “quer em termos de conferências, quer em termos de conhecimento, quer mesmo de contactos para posteriores trabalhos de investigação. Isso é fundamental”. Para o médico é importante observar como cada arquipélago “trata” a saúde. Há muitas diferenças e Fontes e Sousa dá o exemplo: “as Canárias têm 3 universidades de medicina e do ponto de vista médico estão bastante desenvolvidas, depois a Madeira tem um centro hospitalar e os Açores têm os seus três hospitais e os centros e unidades de saúde”. Tudo formas diferentes de gerir os problemas com que os médicos se deparam. Até as patologias com que cada hospital tem de enfrentar são diferentes de arquipélago para arquipélago. Além das doenças transversais a todos os arquipélagos, como as doenças cardio-vasculares, as doenças oncológicas, respiratórias, diabetes e a obesidade, “há problemas distintos que ficam a dever-se a um conjunto de circunstâncias que é diferente em todos os arquipélagos”. Nas Canárias, o fluxo de 12 milhões de turistas anuais obriga a uma maior atenção em termos de saúde pública, assim como um conjunto de doenças infecto-contagiosas dada a proximidade com África. Já Cabo Verde tem de lidar com problemas relacionados com calor e com o dengue, devido também à proximidade com África e “tem um sistema de saúde com grande apoio da Organização Mundial de Saúde e por exemplo, a taxa de vacinação deles é muito inferior à nossa”, continua Fontes e Sousa acrescentando que “há certas diferenças que são muito circunstanciais e devido às características geográficas, quer pela proximidade de África quer pelo desenvolvimento do seu sistema de saúde”. Assim como as Canárias e a Madeira “por exemplo têm o INEM, com helicópteros e tudo, e nós não temos”. Até ao nível do ensino da medicina os quatro arquipélagos são diferentes. “As Canárias têm hospitais universitários, nós temos cursos de medicina quer nos Açores, ligado à Universidade de Coimbra, quer na Madeira, mas ligados a Lisboa ao hospital de Santa Maria. Já Cabo Verde não tem universidade”, acrescenta o médico que é um dos responsáveis pela organização das Jornadas. Motivos mais que suficientes para motivarem conferências e “conversas de corredor para podermos saber mais e podermos colaborar posteriormente em matéria de investigação ou de tratamento”, revela Fontes e Sousa.
Temas em debate
Neste congresso médico internacional os trabalhos arrancam sempre com mesas-redondas, seguindo-se depois a apresentação de casos clínicos nas comunicações livres. Na quinta-feira as jornadas abrem com o debate sobre “organização e modelo funcional dos serviços de saúde nos arquipélagos participantes”, moderada por França Gouveia, que foi director regional da saúde nos Açores entre 2003 e 2004. Os palestrantes vão ser os directores da saúde dos quatro arquipélagos. Na segunda conferência do dia vai ser debatido os “rastreios oncológicos da Região Autónoma dos Açores”, presidida pelo professor da faculdade de medicina da Universidade de Coimbra, Victor Rodrigues, onde o palestrante vai ser Raul Rego, presidente do Centro de Oncologia dos Açores. Na sexta-feira vai ser dado enfoque à “qualidade em saúde”, sendo moderador o provedor do utente dos Açores, Armando Anahory, e onde vão intervir responsáveis de cada um dos quatro arquipélagos. Na segunda conferência vai ser apresentada “a doença Machado-Joseph nos Açores”, presidida por João Machado director do serviço de neurologia do Hospital do Divino Espírito Santo, sendo Manuela Lima, professora da genética humana na Universidade dos Açores e responsável por vários estudos sobre a doença. No sábado, o tema escolhido é a “resistência dos antimicrobianos”, uma temática que vai contar também com um palestrante de cada um dos arquipélagos participantes. Seguindo-se depois uma conferência sobre “turismo de saúde”, moderado pelo director regional do turismo, Miguel Cymbron, onde será palestrante Pedro Cantista, presidente do da Sociedade Portuguesa de Hidrologia Médica e Climatologia. Em termos de turismo de saúde, o responsável da comissão organizadora das Jornadas Fontes e Sousa, destaca a importância de “se chamar a atenção dos Açores para o termalismo”. Apesar do projecto das termas nas Furnas estar parado, as termas da Ferraria estão a funcionar bem e “é um turismo que pode e deve ser aproveitado”. Fontes e Sousa acrescenta que “do ponto de vista turístico é um excelente atractivo”, que deve ser aproveitado uma vez que pode ser um complemento ao turismo que de natureza que actualmente se pratica na região”.

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