quinta-feira, outubro 13, 2011

Os contornos do "complot"

Eu não quero acreditar - porque acredito em valores e na elevação - que exista, tenha existido ou continue e ser um objectivo com várias cumplicidades, uma tramóia político-partidária, com contornos de pressão lobbista e vingança política, porque a confirmar-se seria demasiado grave e nojenta, ainda por cima se deliberadamente combinada pela calada, em Lisboa, com o propósito de prejudicar a Madeira e que envolve relacionamentos pessoais, cenários de sucessões impostas a coice e pontapé, chantagem com programas de apoio, estranhos posicionamentos na última campanha eleitoral regional e uma concertada intenção de prejudicar Alberto João Jardim. Não se trata de nenhuma teoria da conspiração, muito menos uma patética tese de uma qualquer cabala da treta, até porque nem sequer existem factos – todos - que o possam demonstrar. Mas quero que as pessoas procurem raciocinar comigo, para chegarmos a uma conclusão que admito possa ser diferente:
- Qual o motivo do silêncio que o PSD da Madeira guarda acerca da campanha eleitoral no Funchal para as regionais de 9 de Outubro? O que é que se passou afinal? Qual a dimensão da especulação e qual a amplitude da verdade?
- Porque razão alguns dirigentes do PS da Madeira, na noite eleitoral, e depois de conhecidos os resultados eleitorais do CDS/PP e a derrota copiosa dos socialistas, recusaram a sugestão feita por sectores mais radicais do partido para que fossem ironicamente endossadas as felicitações a uma determinada pessoa em concreto que não tinha rigorosamente nada a ver com o PS e a sua candidatura?
- Quando José Manuel Rodrigues afirmou que o CDS/PP estava disponível para um acordo parlamentar e governativo com o PSD regional - ainda não conhecia os resultados porque a declaração foi feita três ou quatro dias antes das eleições – desde que o PSD da Madeira não fosse liderado por Alberto João Jardim e que o Governo Regional não fosse presidido por Jardim, acham mesmo que esta tomada de posição surgiu por acaso, que não foi pensada e combinada e que não era do conhecimento de Paulo Portas e mesmo de Passos Coelho, mesmo que por via de terceiros?
- Porque razão o CDS/PP local que andou semanas a falar da dívida e a atacar Alberto João Jardim, a escassos dias das eleições regionais, por via de Ricardo Vieira, tentou inflectir o discurso e criticou a campanha feita no Continente contra a Madeira em meios de comunicação social nacionais, comentando de forma contundente algumas posições veiculadas a propósito da região? Afinal o que é que determinou esta mudança de atitude? Uma mera estratégia eleitoral?
- Porque razão Passos Coelho nem felicitou telefonicamente João Jardim pela vitória contra toda a praxis política (se o fez ninguém no PSD da Madeira sabe)?
- Como interpretar as declarações do secretário-geral do PSD, supostamente com boas relações com o PSD da Madeira (!), que só faltou lamentar-se da vitória social-democrata nas regionais de 9 de Outubro, numa declaração vergonhosa e que foi das coisas mais estúpidas que até hoje ouvi na política e sobretudo numa noite eleitoral? Que desilusão não assumida escondia esta declaração do secretário-geral do PSD nacional? Quem é afinal este secretário-geral antes (adjunto de Relvas), quem elaborou a declaração que leu aos jornalistas, que percurso político tem este funcionário, o que é que politicamente ganhou na sua carreira como candidato?
O que é que José Manuel Rodrigues, depois das eleições, e com apenas 9 dos 47 deputados, pretendeu dizer que “daqui para a frente nada na Madeira seria como antes”, quando o PSD acabara de vencer as eleições com quase 3 vezes mais os votos que o CDS e com maioria absoluta?
- Havia (há?) ou não um “complot”, montando em Agosto em Lisboa e no Algarve, apostando num cenário de vitória eleitoral do PSD da Madeira, sem maioria absoluta – e implementado para que Jardim fosse derrotado (ausência de maioria absoluta) e obrigado a demitir-se, arrastando o PSD da Madeira para inesperadas alterações ao nível da sua estutura mais elevada da pirâmide dirigente?
É ou não factual que tudo isto se ficou a dever a oportunismos desmedidos de poder e ânsia de tachos. Não quero acreditar, custa-me a acreditar, mas até prova em contrário, e pelo que me foi confidenciado, por fontes de Lisboa, habituadas a lidar com os ambients político-jornalísticos da capital mais vocacionados para a intriga (daí a importância em ter algums “ponte” com eles...), esta tramóia terá sido engendrada antes das eleições regionais, teve várias pontas soltas, unidas por um objectivo comum, transcendiam o PSD nacional e tinham (iou têm ainda) como pano de fundo um PSD da Madeira derrotado, privado de maioria absoluta, repito, obrigado a fazer mudanças internas a vários níveis. Parece-me evidente que a conjugação de todos estes factos atrás anunciados, apontam para uma multiplicidade de interrogações, sem respostas concretas, pelo que até que se conheçam os contornos verdadeiros – porque é a verdade, a ética e a coerência que se exige na política – tudo continua em aberto, pelo menos até ao desvendar de tudo o que houver para desvendar, desde as motivações, aos mentores e protagonistas. E isso não impede que a chamada política porca continue a sê-lo e que algumas pessoas tenham comportamentos indignos, pela falta de ética, pela mentira, pela hipocrisia e pela falsidade. Provavelemnte porque vovem e sentem-se realizados nesses ambientes de falsidade e de superficialidade privada de qualquer charme.

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