quarta-feira, outubro 19, 2011

Opinião: "CONTRA A EUROPA ABANDALHADA"

"Confesso que ainda não percebi – mas deve ser burrice minha – como é que andamos a apertar tudo e mesmo assim, apesar disso tudo, ontem a União Europeia, através do Comissário Olli Rehn, veio afirmar que “Portugal tem cumprido o seu programa de reformas, conforme acordado no plano de ajuda financeira” mas que existe o “risco de não cumprimento da meta de 5,9% do défice para este ano é real”. Ou seja, o Comissário Europeu dos Assuntos Monetários, Olli Rehn, segundo a imprensa, acha que o “cumprimento do programa tem sido satisfatório”. Satisfatório? O tanas. E contra a máfia capitalista europeia o que é que vocês têm feito? E o que têm feito para por a banca europeia no seu lugar? E contra os especuladores e os bandalhos que fazem parte de instâncias comunitárias paralisadas, incompetentes, despesistas o que é que lhes têm feito? Será que este nórdico, saído lá dos confins não sei de onde, acha que afinal terão que espremer ainda mais o tutano aos lusos? É por esta e por outras que sou defensor das revoltas dos indignados, dos movimentos civis pacíficos que combatem a máfia capitalista, que combatem os corruptos, que combatem os gatunos que vivem à custa das crises e da exploração dos mais fracos e dos mais pobres. Sou um apologista da regeneração da Europa e dos europeus que se indignam e combatem os burocratas e os eurocratas incompetentes instalados em Bruxelas, sou defensor dos cidadãos que querem derrubar todos estes esquemas mafiosos que aos poucos estão a dar cabo da Europa que é dos cidadãos e não de uns patéticos comissários que nem, para apertar os atacadores de sapatos servem. São sempre umas “vedetas”, muitos deles antigos governantes com grandes responsabilidades pelo caos em que vivemos – veja-se a promoção do ex-governador do Banco de Portugal, o socialista Constâncio, que nada viu, por exemplo sobre o BPN e o BPP mas que hoje vice do Banco Central Europeu! – que pretensamente têm sempre a solução para tudo, mas quando o capital avança calam-se que nem ratos. O homem deixou de ser o epicentro da política e das prioridades, cedendo claramente ao poder economicista das prioridades políticas, dos governos e dos grupos de pressão numa Europa que até institucionaliza os “lobbies”. Quando os bancos ameaçam, eles atiram-se pela retrete abaixo. Mas aos mais pobres falam grosso, borrifam-se para o aumento do desemprego, estão-se nas tintas para o aumento da pobreza na União, enchem a pança em almoçaradas ou jantaradas vergonhosas, vivem com altíssimos rendimentos e mordomias que são um insulto a uma Europa em crise e aos europeus cada vez mais penalizados. E depois temos que os aturar a todos?! Vejam se começam, de uma vez por todas, e derrubar esta União Europeia de trolhas e de palermas, onde predomina o primado do PIB, a lógica dos mercados mafiosos, a ditadura da especulação de agências de notação, muitas delas feitas com governos ou detidas por crápulas ou empresas que trabalham para governos. Vejam os milhões de prémios pagos a gestores bancários dos EUA que foram os causadores da crise do imobiliário e financeira que depois se alastrou a todo o mundo deixando marcas ainda hoje não ultrapassadas. Vejam-se os prémios pagos a agências de notação e a reguladores que viram tudo o que era para ver, menos a aldrabice do banco Lehman Brothers
Diz esse comissário que nem falar sabe que “o governo tomou as rédeas do programa de ajustamento e aplicou de forma ágil, as reformas estruturais para a primeira avaliação", sem esquecer, claro está o facto de o governo também ter reagido “às surpresas negativas no orçamento ao tomar medidas adicionais. De forma importante, reconfirmou a sua ambição para reestruturar decisivamente as empresas estatais, que foram arrastadas nas contas públicas e são uma fonte de risco".
Ou seja, Portugal perdeu a sua identidade, perdeu agora a sua independência, perdeu a sua dignidade, perdeu o direito de voltar a sonhar, perdeu a liberdade de ter esperança. Somos meros reféns de capitalistas selvagens, de dirigentes europeus medíocres, de jogadas de bastidores entre políticos e governos, somos esmagados pelas habilidades de máfias organizadas, de uma União Europeia incompetente
"Apesar destes esforços, as últimas informações sugerem que existem riscos para alcançar a meta do défice para 2011, como acordado no programa. Isto é infeliz, e realça as falhas no planeamento do orçamento e execução, que precisa de ser ajustado". Ou seja, o comissário europeu defendeu que, mais do que nunca, “Portugal necessita de um Orçamento de Estado forte para 2012, face aos lamentáveis desvios verificados este ano, que colocam em causa o objectivo de défice para 2011”.
Ou seja o Comissário quer um maior torniquete, quer que o governo de Lisboa, o tal “bom aluno” de Bruxelas, aperte ainda mais o pescoço aos portugueses. Para ele é indiferente a fome, as privações. Razão tem o bispo D.Januário Torgal Ferreira que acusou o governo de Passos de Coelho de ser um “cobrador de impostos", numa reacção ao anúncio do Orçamento de Estado para 2012. Este bispo das Forças Armadas diz que "sem qualquer exagero, com estes estímulos, estamos a caminhar para o Apocalipse Now", vaticinando: "Tudo isto é tão apertado, que a própria terapêutica vai matar o doente". Piores foram as declarações do bispo emérito de Setúbal. D. Manuel Martins, que considerou que as medidas anunciadas pelo Governo vão fazer "escorrer muito sangue" assumindo-se como "derrotado ao fim de 84 anos de vida a lutar contra a fome”. O bispo Manuel Martins acha que as medidas agora anunciadas pelo governo vão provocar "uma desgraça muito grande em Portugal. Isto vai rebentar", afirmou, receando mesmo que as manifestações de indignação da população sejam "o mínimo ou o começo de algo muito mais grave". E explicou o seu ponto de vista: "Há medidas que nos tocam nas telhas da casa, no automóvel ou nas férias, mas estas entram-nos na casa e na cozinha. Entram-nos no estômago, na saúde", alertando para o facto de ser cada vez maior número de famílias "sem possibilidade alguma de viver que já batem às portas a pedir e outras que vivem com a certeza que o terão de fazer". O Bispo acha, tal como eu também acho - e só por incompetência, vaidade pessoal, teimosia, capricho, defesa de prestígios pessoais ou ambições a pensar mais em tachos futuros do que nos problemas dos portugueses, é que isso não é feito - que o governo português deveria "protelar a dívida, os juros porque isto vai mesmo rebentar". Ou seja, estamos a falar na renegociação de prazos, no fundo tal como inevitavelmente vão fazer com a Grécia para que o euro seja salvo e a União Europeia tenha viabilidade
" (in JM)

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