quarta-feira, outubro 05, 2011

Opinião: "ANJINHOS ESBURACADOS"

É absolutamente acintoso que continuem a manipular de forma tendenciosa os dados relativos a dívida da Madeira, pelo simples facto de que não aceitam que o valor indicado pelo Governo Regional - 5.800 mil milhões, abaixo do buraco inicial do BPN que não tarda vai aumentar de 6 mil para 8 mil milhões - seja o real. A estratégia de deturpação dos factos, com cumplicidades cruzadas, que envolvem partidos locais, candidatos, crápulas e meios de comunicação social (alguns deles, não todos), claramente a mando de interesses eleitoralistas deitados pelo 9 de Outubro, tem origem no Funchal, e com cumplicidades estranhas em Lisboa, incluindo no Ministério das Finanças - que há muito deveria ter esclarecido o assunto para evitar esta especulação e impedir interpretações sobre os eventuais interesses em manter essa especulação… - particularmente na questão da alegada incidência dos avales na dívida regional, quando é sabido – e eles sabem porque basta consultar os quadros do relatório – que estão a misturar empresas públicas regionais com a respectiva dívida consolidada, e já incluída no apuramento da dívida regional (não se pode contar duas vezes o mesmo montante ou por ser a Madeira pode-se?), com empresas públicas regionais cuja dívida não está consolidada, é certo, mas cujo montante também já consta do apuramento da dívida regional de 5.800 mil milhões, valores que também não podem ser contabilizados duplicadamente.
Chegamos a um ponto em que se o Ministério das Finanças não vier esclarecer cabal e definitivamente este assunto – ainda por cima depois de ter escondido, de forma eticamente reprovável e desonesta, que a ANAM é detida em 80%& pelo Estado (20% pela Madeira) mas imputando à região todo o montante da dívida pendente (207 milhões de euros) relativo à construção da gare do aeroporto do Funchal e de ter misturando, numa triste bagunça a SDM concessionária do Centro Internacional de Negócios da Madeira (onde a região tem apenas 20% de participação) com as demais sociedades de desenvolvimento (essas sim detidas 100% pela Região) – consideramos existirem fundadas razões para questionarmos se existe ou não uma estranha cabala montada contra a região, com o deliberado propósito de manipular uma realidade – dívida regional - que é incómoda, mas que será resolvida, O que é grave é está montada uma campanha, influenciada pelas eleições de 9 de Outubro, destinada a fazer crer aos portugueses do Continente – e nem falo na dívida de cerca de 4.000 milhões de euros dos Açores, nem dos 600 milhões de euros de dívida da saúde daquela região esta semana denunciados pela oposição, porque a seu tempo saberemos a verdade oculta – que a Madeira é a culpada pelo estado caótico em que nos encontramos quando temos um Estado que deve mais de 220 mil milhões de euros, um sector empresarial do Estado falido e que deve mais de 70 mil milhões de euros. Até parece que se não fosse a dívida da Madeira – menos que o buraco do BPN, cuja verdade sobre todo o processo mafioso à volta desta estranha nacionalização está a ser deliberadamente escondida dos portugueses – Portugal até poderia estar como a Alemanha, quando foram os socialistas que faliram o país, que foram pedir apoio urgente e que negociaram com a “troika” as medidas pelas quais todos pagamos.
O que é caricato é que os jornais, todos, que diariamente falam da Madeira conforme as encomendas que lhes chegam, e conforme as sugestões que lhes enviam, uns dizendo uma coisa, outros escrevendo outra - ao ponto do Diário Económico ontem reconhecer que ninguém se entende sobre a dívida da Madeira! – são os mesmos que esconderam uma realidade que um semanário (Sol), ontem denunciou e que sem comentários aqui recordo, porque revela bem a dimensão do embuste em que estamos metidos e a hipocrisia deste estado e deste governo da treta que termos em Lisboa, que fala muito mas que age pouco e fá-lo temeroso porque refém condicionado, dadas as medidas graves que serão tomadas em 2012, do voto do PS que para o efeito é apaparicado:
“A Soflusa dá mais de 100 mil viagens grátis por ano. Os filhos dos sete mil trabalhadores da TAP não pagam bilhetes de avião nesta operadora aérea até aos 25 anos e alguns mantêm a regalia mesmo depois de os pais já se terem reformado da companhia. Na Carris, estar de baixa compensa porque a empresa garante ao trabalhador o salário sem descontos. Numa altura em que um relatório dos Técnicos Oficiais de Contas revela que as empresas públicas ou controladas pelo Estado devem mais de 38 mil milhões de euros, em que as administrações têm de reduzir as despesas em 15%e cortaram 10 % nos salários, a manutenção de algumas destas benesses é considerada ainda «mais escandalosa” (…) Todos os meses, os cerca de 2.700 colaboradores da Carris podem faltar um dia ao trabalho para tratar de assuntos pessoais. E também têm direito a folga no dia em que fazem anos. Estas são apenas duas das regalias de quem tem contrato com a empresa que gere os autocarros, eléctricos e elevadores na área metropolitana de Lisboa. Um levantamento das regalias sociais mostra que estar de baixa é mais compensador do que estar de serviço: a Carris dá aos funcionários um complemento do subsídio de doença até ao valor do ordenado, livre de impostos. A empresa confirma ao SOL que faz o «pagamento do complemento do subsídio de doença até completar o vencimento ilíquido recebido pelo trabalhador durante o tempo que permanecer em situação de incapacidade temporária para o trabalho». Garante-lhe ainda o pagamento de assistência médica e de medicamentos. As regalias alargam-se a filhos e cônjuges dos funcionários. Permitem, por exemplo, que os trabalhadores, no activo ou reformados, viajem gratuitamente com a família nos transportes da empresa. As viagens gratuitas só são interrompidas quando os filhos deixarem de estudar ou de ter direito ao abono de família. Se tiverem deficiências físicas ou mentais a benesse é vitalícia (…)
Na CP – Comboios de Portugal EPE, os trabalhadores viajam gratuitamente nas carruagens da empresa. Mas além dos cônjuges e filhos até aos 21 anos, também os pais dos funcionários têm direito a circular sem pagar até aos 4.000 quilómetros por ano. Se essa quilometragem for ultrapassada, as viagens passam a ser pagas a custo reduzido: 25% do bilhete. A CP tem ainda a funcionar três infantários no Barreiro, Parede e Entroncamento, onde a mensalidade paga é indexada ao salário. E, em 2008, através do acordo de empresa, conseguiram mais três dias de férias por ano: no total, têm direito a 25 dias úteis e respectivo subsídio. Se o trabalhador adoecer, a empresa assegura-lhe um pagamento complementar ao subsídio de doença, permitindo-lhe manter o salário líquido. É ainda garantido um seguro de saúde aos trabalhadores (…) Os 1.600 trabalhadores da Metropolitano de Lisboa também podem viajar de graça na Carris e na Transtejo. Os cônjuges e filhos também não pagam bilhete para circularem nas composições. Por outro lado, todos os trabalhadores têm direito a gozar o dia de anos e a um prémio de assiduidade, se não faltarem por mês mais de cinco horas ao serviço. Ou seja, se cumprirem o horário recebem 51,5 euros a mais no ordenado mensal. Têm também 24 dias úteis de férias – que podem chegar aos 29, se 20 deles forem gozados fora de época (de Outubro a Maio). O acordo de empresa garante também às famílias dos funcionários, um apoio em caso de morte do trabalhador (os viúvos continuam a receber metade do vencimento dado ao trabalhador, que pode chegar a 75%, caso haja filhos menores)”. Pergunto: que raio de moral tem este governo que consente isto tudo, que raio de moral tem este Ministério das Finanças para se remeter ao silêncio cúmplice e repugnante quando sabe que estão a especular e a distorcer a realidade da dívida regional da Madeira, que tudo isto tem a ver com o acto eleitoral de 9 de Outubro e que provavelmente existem orientações políticas no Terreiro do Paço visando propósitos macabros que terão que ser denunciados? Que raio de autoridade ética têm os responsáveis políticos em Lisboa, para apontarem, o dedo de uma forma tão acintosa e acusadora, à Madeira - sem que eu pretenda branquear responsabilidade que temos numa dívida pública regional que exige atenção e tratamento adequado – quando ignoram situações que já tinham tido tempo de ter acabado? Mas sobre, as motivações políticas ocultas, isso falarei em tempo oportuno, depois de 9 de Outubro, começando por recordar os vaticínios de um ex-primeiro-ministro socialista sobre o que estaria reservado à Madeira num determinado cenário político e que termo, infelizmente, que se esteja a consumar (JM)

Sem comentários: