quarta-feira, outubro 12, 2011

No rescaldo

"Haveria um trabalho inquestionavelmente interessante a ser realizado, sobretudo por alguma entidade mais interessada em compreender o fenómeno eleitoral regional, provavelmente a começar pelo próprio recenseamento eleitoral. Basta sublinhar que entre as regionais de 2007 e as de 2011, tivemos mais cerca de 25 mil eleitores inscritos, o que não deixa de ser estranho – mesmo que me justifiquem com novos eleitores (18 anos), com profissionais que se transferem para a Região (particularmente na área da educação) e com emigrantes. Há qualquer coisa que não bate certo. Mas enfim. O que me parece que seria útil realçar tem a ver com a necessidade de um sobre o comportamento eleitoral das mesas. Os jornalistas, sobretudo aos que acompanham mais de perto as questões políticas e particularmente a eleitorais como eu, recordam-se que sabíamos perfeitamente quais as mesas eleitorais preenchidas com os chamados jovens eleitores (regra geral as últimas mesas). Sucede que neste momento é difícil garantir de uma forma tão peremptória porque, segundo as Câmaras Municipais, embora continuem a predominar nas diversas freguesias as mesas dos jovens eleitores, há uma dispersão que me parece que, apesar de tudo, não impede que esse estudo fosse realizado. O que seria interessante, para os madeirenses em geral, relaciona-se com a possibilidade de sabermos quer o comportamento, a começar pelos níveis de participação, das chamadas mesas dos jovens eleitores e, se fosse possível ir mais longe, acrescentando outro item passível igualmente de um estudo curioso: por norma, as primeiras mesas estão associadas aos eleitores recenseados há mais tempo e mais idosos. Seria possível saber por exemplo quais as taxas de participação nessas mesas e respectivos resultados para percebermos o que para mim é uma evidência, a de que há uma progressiva regeneração da pirâmide eleitoral tradicional da Madeira e dos hábitos eleitorais regionais? Ou seja, para além das transferências de voto frequentes, e com valores interessantes, protagonizadas pelo chamado eleitoral flutuante -. Que não tem um vínculo certo com um partido, sempre que vota – há, particularmente no caso do PSD, uma profunda mudança do seu eleitorado de base, que me leva a crer que os escalões etários intermédios são o principal, suporte dos social-democratas e que os níveis de participação dos jovens continuam a ser profundamente reduzidos. Mas uma coisa é a suspeita de que isso são factos, outra coisa é a existência de indicadores que o confirmem. Não os tendo, limita-se portanto a ser meramente especulativa esta análise, assente apenas na experiência de quem acompanha actos eleitorais desde 1975. Não me parece que os tempos, até por tudo o que se passou e por tudo o que está em causa, sejam tempos para a asneirada. A maioria absoluta do PSD da Madeira é constituída por 25 deputados e não por “quintas” ou “capelas”, pelo que a manter-se este tipo de discurso só se confirma a mediocridade de algumas mentalidades e a discutibilidade de algumas opções. Nessa ordem de ideias os deputados do concelho A ou B, ou as deputadas-mulheres, ou os deputados da Cochinchina, começavam a enveredar pelo mesmo tipo de discurso absolutamente patético e tínhamos o caldo entornado. Pese facto de até achar que há coisas que até é bom que aconteçam… (in JM)

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