sábado, julho 18, 2015

Por acaso, ideia do fundo grego veio do PM holandês...

Por acaso, a ideia para o fundo de privatizações da Grécia, o trust de 50 mil milhões de euros que vai absorver o espólio que for vendido nos próximos anos, veio do primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, revelou Donald Tusk, o presidente do Conselho Europeu. O primeiro-ministro português disse na segunda-feira que a autoria foi sua. Em entrevista a sete jornais europeus, entre eles Kathimerini, Financial Times e Le Monde, Tusk descreveu com grande detalhe as horas críticas e derradeiras -- a "maratona negocial" -- que precederam o acordo prévio sobre a Grécia crucial para se poder negociar o terceiro empréstimo e programa de ajustamento. À mesa estavam o próprio Tusk e pelo menos três chefes de Governo: Alexis Tsipras (Grécia), François Hollande (França) e Angela Merkel (Alemanha).
"O fundo das privatizações era, sem dúvida, muito provocador para Tsipras [o PM grego]", começa por explicar o presidente do conselho na entrevista (pode ler a versão integral, em inglês, aqui no Kathimerini). Mas "o primeiro sinal de que uma coisa dessas poderia ser aceite foi uma mensagem [SMS] do PM holandês Rutte. Quando lhes mostrei a proposta de Rutte para que 12,5 mil milhões de euros do fundo fossem usados para reembolsar dívida e 12,5 em investimentos, ninguém pareceu particularmente impressionado, mas a partir desse momento estava na mesa". Na segunda-feira, Pedro Passos Coelho reclamou que foi sua a ideia de repartir o fundo dos 50 mil milhões de euros como propôs Mark Rutte via SMS. Citado pela Lusa, na conferência de imprensa na manhã de 13 de julho, já depois de fechado o acordo que impediria ejetar a Grécia do euro, o primeiro-ministro português disse que foi Portugal que sugeriu que "25 mil milhões pudessem ser utilizados para, de certa maneira, poder privatizar os bancos que estão agora a ser recapitalizados" e que, "acima desse valor, se pudesse então fazer uma utilização quer para abater à divida publica, quer para se poder financiar o crescimento em partes iguais".
"Devo dizer até que, curiosamente, a solução que acabou por desbloquear o último problema que estava em aberto, que era justamente a solução quanto à utilização do fundo [de privatizações], partiu de uma ideia que eu próprio sugeri. Quer dizer que até tivemos, por acaso, uma intervenção que ajudou a desbloquear o problema", enalteceu o PM português. O chefe do governo contou esta história para provar que Lisboa "manteve sempre uma atitude muito construtiva" nas negociações com a Grécia e não o contrário, como chegou a ser acusado. Também há a hipótese de o português e o holandês terem chegado à mesma ideia, ao mesmo tempo, embora Donald Tusk nunca mencione o nome de Passos Coelho na longa entrevista que deu aos jornais. Ou de os dois terem trabalhado em conjunto na proposta. Ou de o PM holandês ter sido um mero mensageiro nisto tudo, tendo ficado responsável apenas por enviar a ideia. O Dinheiro Vivo questionou os gabinetes de ambos os primeiros-ministros (Passos e Rutte) sobre este assunto e aguarda respostas. A auto congratulação de Passos acabaria por gerar furor e paródia nas redes sociais, tendo sido criada uma hashtag para o efeito: #poracasofoiideiaminha (Dinheiro Vivo)

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