segunda-feira, março 16, 2015

ELEIÇÕES REGIONAIS: DUAS NOTAS



I - Façam-me um favor, um enorme favor: borrifem-se para o marketing político até 29 de Março! Por favor. O que os cidadãos madeirenses, os eleitores da nossa terra precisam e esperam do PSD da Madeira, em termos de mensagem, de postura, de discurso para o futuro, de formalização de uma ideia de renovação que aos poucos tem que ser construída, nada tem a ver com marketing político ou com a ideia de que tanto se vende um pedaço de sabão-macaco como se "vende" um político candidato numa eleição.
Será que vão falar de marketing político aos jovens desempregados, aos demais desocupados, às famílias com os dois cônjuges desempregados, aos reformados e pensionistas que têm sido roubados, aos jovens estudantes que abandonam as Universidades ou a escola porque os pais não tem condições para assumirem os encargos inerentes, aos pobres que têm aumentado como recentemente foi confirmado, aos funcionários públicos sistematicamente perseguidos, desvalorizados e permanentemente ameaçados de despedimento. Se for para falarmos do marketing político, dos prós e dos contras, e de tudo o que está direta ou indiretamente associado a esta técnica de ilusão dos cidadãos - porque é disso que se trata, da fabricação de ilusões, incluindo de candidatos - muita coisa poderia ser aqui referida por mim. Para os partidos o que neste momento interessa são as eleições.
No caso do PSD da Madeira, com responsabilidades acrescidas, e que já anunciou que a renovação da maioria absoluta, a sua prioridade eleitoral, mais do que tudo o resto apontava para a vitória nas eleições, com os recursos humanos que tem, com a naturalidade do líder e dos candidatos, com as novas ideias, com as novas propostas, com as prioridades claramente enumeradas, etc. Primeiro há que ganhar as eleições, assumir as responsabilidades que decorrerão dessa vitória e depois de tudo isso certamente que haverá muito tempo, pelo menos quatro anos, para brincarem ao marketing político e saberem quais são as vantagens e as desvantagens do marketing político nos processos eleitorais e na moldagem dos candidatos.
Há em Portugal um "case study" muito interessante, pelos bons e maus motivos, sempre que se fala em marketing político: os anos de governação de Sócrates (e não julguem que foi tudo mau durante este período, neste domínio concreto), a gestão da imagem política, as relações com os meios de comunicação social, o triângulo entre Sócrates, fontes de informação e notícias publicadas e as relações entre todas estas teia de os grupos económicos ligados ao sector dos média. Um bom ponto de partida. Quando houver tempo para isso.
II. O líder do PS Vítor Freitas foi aos Açores defender, depois de Miguel Albuquerque e outros dirigentes da oposição regional o terem escrito (e dito) antes dele, que as Cimeiras Insulares Madeira-Açores devem ser retomadas na próxima Legislatura. Ninguém coloca isso em causa. Aliás, acho que tanto a Madeira como os Açores provavelmente perderam mais do que ganharam quando as Cimeiras governativas deixaram de se realizar regularmente, mesmo que se possa admitir que a postura do poder central em Lisboa ao longo dos anos provavelmente transformaria tais encontros em futilidades.
As Cimeiras Insulares entre as duas regiões portuguesas – e que depois foram alargadas às Canárias, algo que não deve ser retomado pois os problemas entre Madeira e Açores e Canárias, apesar de comuns nalguns aspetos, são diferentes em muitos outros - devem ser restabelecidas e não depender de relações políticas pessoais mais ou menos fáceis ou à interferência de questões político-partidárias num relacionamento que é unicamente institucional.
Acredito que Miguel Albuquerque, depois de ganhar as eleições regionais - porque vai ganhá-las de forma categórica, já que será essa a vontade livremente expressa pelos madeirenses - vai preocupar-se com esta temática apesar de não ser prioritária, há que assumi-lo. Tal como acho essencial que seja retomada a política de emigração, de proximidade com as nossas comunidades no estrangeiro, que durante anos foi valorizada mas que, de repente, e por razões financeiras a par de outros fatores políticos nos países de acolhimento, acabou por ser progressivamente reduzida a mínimos.
Basicamente estas declarações, que de novo nada têm, limitam-se a confirmar que existe uma disputa, palmo-a-palmo, entre alguns dos principais partidos e candidatos que vão continuar a desdobrar-se em atos de pura propaganda eleitoralista para que a sua imagem pessoal, pouco credível junto do eleitorado, não seja tão castigada nas regionais de 29 de Março, porque eles nunca tiveram a coragem de assumir as inevitáveis consequências políticas resultantes da acumulação de derrotas (LFM/JM)