quinta-feira, julho 17, 2014

Política: a história de Manuel Alegria, adjunto de Sá Carneiro

Segundo a Sábado, num texto do jornalista Rui Hortelão, "a história de Manuel Alegria é daquelas que se perderam na confusão do período revolucionário de 1974. A prova de que muito há ainda por contar sobre o Portugal que antecedeu a queda do Estado Novo e o despertar da Democracia. Mesmo quando, como aconteceu com o adjunto de Francisco Sá Carneiro ao longo de todos estes anos, a sua existência está referenciada em vários livros, de passagem e sempre associada a uma mala com dinheiro que desapareceu na altura.  Manuel Alegria (na imagem) fugiu do País em 1975 e não mais regressou. Radicou-se na Bélgica, tratou da dupla nacionalidade e manteve-se na sombra até a SÁBADO o descobrir agora, quando acaba de completar 80 anos.  Os primeiros contactos do jornalista Pedro Jorge Castro foram feitos há meses. Primeiro com familiares chegados, depois com o próprio. As respostas às 45 perguntas da SÁBADO chegaram por email, ao longo de 21 páginas, nas quais o antigo secretário-geral adjunto do PPD quebra um silêncio com quatro décadas.  Muito teve de ficar de fora. Infelizmente, como demonstram duas citações do homem que até à sua fuga foi o braço-direito de Sá Carneiro (na imagem): “Tendo em conta a situação política em que me encontrava, o estado do País e as minhas obrigações de pai de sete filhos e filho único de uma senhora que tinha 78 anos, tomei a decisão que devia ter tomado. Não sabia na altura que a morte de Sá Carneiro, cinco anos mais tarde, iria dificultar a minha reabilitação e a nossa reacção, tal como tinha sido programada. Por outro lado, não me perdoo o sofrimento imposto aos meus filhos, em consequência da vaga de calúnias devastadoras que se abateu sobre o pai deles.”  A  segunda citação, pelas fortes ligações que Manuel Alegria teve à família Espírito Santo e pelo que aconteceu depois de ter escrito estas palavras, não podia vir mais a propósito da actualidade: “Quanto aos milionários, sinto que devo declarar que dois banqueiros sempre tiveram, tanto antes do 25 de Abril, como no período conturbado que se seguiu, um comportamento exemplar, extremamente digno e de grande integridade: Manuel Ricardo Espírito Santo [presidente do BESCL, entre 1973 e 1975, e primo de Ricardo Salgado] e António Espírito Santo, que infelizmente faleceram demasiado cedo.”  Se tivesse ficado por cá, o que teria sido Manuel Alegria? Deputado? Ministro? Comentador? Os seus pares à época foram tudo isto.
A sua história é daquelas que qualquer director se orgulha de ter o privilégio de publicar. Uma peça jornalística que me atrevo a classificar de serviço público. Interessante para os que viveram o período revolucionário e essencial para que os mais novos possam compreender melhor um período tão decisivo para aquilo que é o Portugal dos nossos dias"