domingo, junho 15, 2014

Remunerações reais no Estado ao nível de 1997!!!

Segundo o Dinheiro Vivo, "os salários reais dos trabalhadores portugueses caíram 10% desde 2010. E os funcionários do Estado são os que sofreram a maior quebra - o seu poder de compra está já ao nível de 1997. "No quadro de deterioração acentuada das condições no mercado de trabalho, as remunerações do trabalho caíram, em termos reais, 10% entre 2010 e 2013", escreve o Banco de Portugal, num relatório onde retrata a evolução do poder de compra dos portugueses, em função da remuneração. Nestes anos de crise, o banco governado por Carlos Costa refere que a quebra foi especialmente acentuada nas remunerações do Estado. "Só a quebra salarial sofrida desde 2010 anda à volta de 24%, uma perda que aumenta se contarmos com o congelamento salarial, a redução do pagamento do trabalho suplementar e o aumento do horário de trabalho", garante Helena Rodrigues, do Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE), em declarações ao Dinheiro Vivo. O Banco de Portugal mostra que o poder real de compra dos portugueses está a cair desde o início da crise, em 2010. Mas contrariamente aos trabalhadores do sector privado, que no final do ano passado tinham um poder aquisitivo ao nível de 2005, os funcionários do Estado viram as suas remunerações reais caírem, em 2013, para o nível de há 16 anos (1997). Em 2012, com o corte dos subsídios de férias e Natal, o poder de compra dos funcionários públicos recuou para valores de 1995, mas esse corte acabaria por ser reposto. Eugénio Rosa, economista da CGTP, analisou os dados do Banco de Portugal e lembra que, também no ano passado, o Tribunal Constitucional ordenou a reposição dos cortes dos subsídios, mas não conseguiu travar a quebra das remunerações por completo, já que se manteve uma redução nos vencimentos acima de 1500 euros. E é este modelo, iniciado por Teixeira dos Santos em 2011, que irá avançar este ano, depois do chumbo a três medidas do Orçamento do Estado de 2014. Eugénio Rosa assume que se os planos do governo previstos no Orçamento deste ano não tivessem visto o cartão vermelho do Palácio Ratton, o poder real de compra dos trabalhadores do Estado poderia voltar a cair para o nível de 1995. De qualquer forma, como o acórdão do Constitucional só foi lido a 30 de maio, estes cinco meses de cortes no Estado vão ditar uma nova perda aquisitiva dos funcionários do Estado.
Na reformulação dos cortes, apresentada esta quinta-feira em Conselho de Ministros, o governo deixou cair a intenção de tornar a redução remuneratória no Estado permanente, e como tal, comprometeu-se a fazer uma devolução de 20% ao ano para que no final de 2019 os trabalhadores do Estado já tenham o seu salário completo. Ainda assim, só por via da inflação, os funcionários do Estado sofrerão uma perda de rendimento de 14%. "A evolução das remunerações do trabalho contribuiu em grande medida para a queda do rendimento disponível das famílias", que surgiu pela via "do significativo aumento do IRS", pago tanto pelo aumento das taxas de retenção, como pelo corte dos escalões do IRS. E também pela diminuição das deduções na Saúde e na Educação, conclui o Banco de Portugal"