“A jornalista freelancer de 30 anos queria
saber como seria a vida em caso de colapso do sistema económico e, para isso,
renunciou à sociedade de consumo durante um ano. Greta Taubert conta toda a sua experiência no
livro 'Apokalypse Jetzt! - o título em alemão para o filme de 1979 'Apocalipse
Now', de Francis Ford Coppola, sobre a guerra do Vietname - que foi publicado
em fevereiro na Alemanha. Depois do ano sem consumo, onde a roupa era
trocada em lojas em segunda mão e os alimentos cultivados numa horta
comunitária, Greta confessou à AFP que a primeira coisa que comprou foram
collants. "E produtos de higiene", acrescentou, numa entrevista em
Leipzig, na antiga Alemanha de Leste.
Durante o ano em que renunciou ao consumo,
Greta criou os seus próprios desodorizantes em casa, assim como cremes de
rosto, pasta para os dentes é até shampoo. Tudo 100% orgânico. "Mas
comecei a parecer-me como um Neandertal. Os meus amigos disseram-me: 'agora
estás a ir longe de mais'", indicou a rir.
Nas férias, Greta andou à boleia cerca de 1700
km para visitar Barcelona, onde ficou com 'ocupas'
"O nosso sistema económico está baseado
na perspetiva de crescimento infinito, mas o nosso mundo ecológico está
limitado", afirmou. A sua experiência começou depois de, numa
tarde em casa da avó, ver a mesa cheia e, ao pedir leite, a avó lhe trazer
também uma série de preparados com sabores para adicionar ao leite. Isto poucas
horas depois de um almoço farto. "O mantra 'mais, mais, mais' não nos vai
levar longe", disse à AFP. Há cada vez mais pessoas que aderiram à
tendência de "menos é mais", multiplicando-se os sites de partilha de
comida e de outros bens. Na Alemanha, em 2012, quase sete milhões de toneladas
de comida acabaram no lixo, o equivalente a 81,6 quilogramas por pessoa. "Hoje, tento incorporar na minha vida
diária o que aprendi durante este ano", contou Greta. "Mas estou
feliz por já não viver de forma tão radical", acrescentou” (DN de Lisboa)