domingo, junho 08, 2014

Mundial: As histórias que se podem contar por culpa de 736 jogadores




“Os mais novos, o mais velho, os nomes que ficam na retina (e os impronunciáveis) e muitas outras curiosidades que se podem retirar da análise da lista de 736 jogadores presentes no Brasil. A culpa (também) é do Ehsan. Não é a última versão mas é a primeira oficial. Durante as últimas semanas, as 32 selecções que vão estar presentes no Mundial-2014 foram anunciando convocatórias para o Brasil mas só ontem de manhã a FIFA colocou o carimbo definitivo nas listas. É certo que os países têm abertura para alterações de última hora - até à véspera da estreia na competição - mas por agora há 736 elementos que cumprem (pela primeira vez ou não) o sonho de uma vida. As vidas não são todas iguais. Veja-se o caso de Faryd Mondragón, guarda-redes colombiano e elemento mais velho de todas as listas (42 anos). Não é piada, mas o jogador do Deportivo Cali pode puxar dos galões e dizer aos mais jovens que é tão velho, tão velho, tão velho que quando eles nasceram já andava nesta vida dos mundiais. Exagero? Não, é mesmo verdade. Em 1994, o então jogador do Argentinos Juniors tinha 22 anos e foi seleccionado por Francisco Maturana para integrar uma equipa que contava, entre outros, com Valderrama, Freddy Rincón e Asprilla. E jogar? Isso é outra conversa. O contributo de Mondragón foi tão forte como o de Ronaldo no Brasil nessa prova: zero minutos. Óscar Córdoba era o dono da baliza da selecção sul-americana e não deu hipóteses aos colegas de equipa, adiando a estreia de Mondragón em mundiais para 1998. Seja como for, o argumento continua a ser válido já que quando a prova norte-americana terminou, havia sete jogadores convocados para o Brasil que ainda não tinham nascido - Nabil Bentaleb (Argélia), Raheem Sterling e Luke Shaw (Inglaterra), José Giménez (Uruguai), Adnan Januzaj e Divock Origi (Bélgica), Carlos Gruezo (Equador), Julian Green (EUA) e o mais novo de todos, Fabrice Olinga (Camarões), que completou 18 anos a 12 de Maio.
MERCADOS PRINCIPAIS
O Mundial é também um centro de confluência de jogadores dos mais diversos campeonatos. Este ano, a Rússia é a única selecção com presença exclusiva de jogadores a actuar no campeonato local (Inglaterra, Alemanha e Itália fizeram-no há quatro anos), mas continua a estar longe das ligas com mais presenças nos estádios brasileiros. Aí, o domínio esmagador é de Inglaterra, com 119 jogadores espalhados por 28 selecções: só Rússia, Costa Rica, Itália e Suíça lhe escapam. Depois, surgem os campeonatos de Itália (82), Alemanha (78), Espanha (64) e França (46). Portugal aparece mais atrás com 23, graças a jogadores das selecções da Argélia, Argentina, Bélgica, Colômbia, França, Irão, México, Uruguai e, claro, Portugal. O campeonato turco assume um lugar de destaque nesta lista. A selecção pode ter falhado a qualificação para o Mundial do Brasil (quarto lugar no grupo D atrás de Holanda, Roménia e Hungria) mas tem uma presença muito forte graças aos 26 jogadores que actuam no campeonato, com destaque para Didier Drogba, Wesley Sneijder, Dirk Kuyt e os portugueses Bruno Alves, Raul Meireles e Hugo Almeida. Feitas as contas, há 50 campeonatos representados no Mundial-2014 (equipas do Canadá e dos Estados Unidos participam na mesma liga - Major League Soccer). Outras curiosidades prendem-se com o nome de algumas equipas. O Barcelona de Espanha contribui com 13 jogadores mas o do Equador também consta na lista com três. O fenómeno é igual e mais desconhecido ainda com a Real Sociedad. A equipa do País Basco dá três jogadores (Claudio Bravo, Antoine Griezmann e Haris Seferovic), enquanto o clube com o mesmo nome mas do campeonato hondurenho contribui com Rony Martínez.
HÁ NOMES E NOMES
Cristiano Ronaldo, Lionel Messi e Neymar ameaçam ser os mais memoráveis da prova mas para já, antes de a bola começar a rolar, há outros que ganham destaque por serem mais... curiosos. Sim, os japoneses e os sul-coreanos têm sempre lugares especiais entre os ocidentais mas neste caso nem é preciso ir tão longe. Comecemos com o iraniano Ehsan Hajsafi. Sabe quem é? É defesa esquerdo, foi chamado por Carlos Queiroz e durante muitas semanas andou na boca dos portugueses que ouviram e repetiram à exaustão as palavras de Toni durante uma conferência de imprensa. Na altura, os jornalistas queriam fazer dele o bode expiatório dos golos sofridos mas o treinador do Tractor defendeu o jogador até à exaustão. "E a culpa é do Ehsan? É? É? É do Ehsan a culpa?", afirmava, entre outras palavras menos próprias de serem reproduzidas. Do Irão de Carlos Queiroz passamos para a Costa Rica de Jorge Luis Pinto. Keylor Navas e Bryan Ruiz são os nomes mais sonantes mas não são tão históricos como o da camisola 17: Tejeda, Yeltsin Tejeda. Nascido a 17 de Março de 1989, o rebento da família costa-riquenha foi baptizado em honra de Boris Yeltsin, que em 1991 se tornou no primeiro presidente da Rússia.
ANIVERSÁRIOS
Fazer anos durante o Mundial é uma inevitabilidade quando estamos perante a presença de 736 jogadores. Em 2014, há 55 elementos que vão soprar as velas enquanto houver competição, mas apenas dois podem pedir um desejo no dia do arranque oficial (12 de Junho): o chileno Mauricio Isla e o australiano Eugene Galekovic. No dia da final festejam o mexicano Guillermo Ochoa e o ganês Jonathan Mensah. O mês de Fevereiro parece concentrar o recorde de aniversários no mesmo dia (5, 13 e 14 de Fevereiro partilham o recorde de sete jogadores), enquanto o ano mais comum é 1987 (77 jogadores). E não é uma geração qualquer, é uma propícia para goleadores como Messi, Benzema, Higuaín, Cavani e Luis Suárez” (texto do Jornal I, com a devida vénia)