terça-feira, junho 10, 2014

Mundial-2002: todo o mundo tenta mas só o Brasil é penta

Escreve o Jornal I que "sem Romário nem Jardel, a família Scolari ganha os sete jogos graças à veia goleadora de Ronaldo fenómeno (melhor marcador da competição com oito golos). Dez golos em 24 jogos. Estamos a falar de Ronaldo fenómeno. E estamos a falar do balanço de três épocas: 1999-2000, 2000-01 e 2001-02. O avançado lesiona- -se duas vezes nesse período e passa mais de ano e meio deitado numa cama ou dentro de clínicas de recuperação. Será ele um dos convocados para o Mundial? Quer dizer, a concorrência é feroz para o ataque: temos Romário, a figura do povo e até do presidente Fernando Henrique Cardoso, e até Jardel. O primeiro é o melhor marcador do campeonato 2001, o segundo é Bota de Ouro (prémio para o mais eficaz na Europa) ao serviço do Sporting. A expectativa é imensa no dia em que Luiz Felipe Scolari entra na sala da CBF e divulga os 23 convocados. Saem os guarda-redes, depois os laterais, a seguir os centrais, os médios e finalmente os avançados: Ronaldo, Edilson e Luizão. O mundo desaba e os críticos atacam sem dó nem piedade Felipão. Acusam-no de tudo e mais alguma coisa. Lembram a medíocre Copa América-2011 ("podem colocar-me no Guiness Book", desabafa Scolari depois de eliminado nos quartos--de-final pelas Honduras) e ainda a fraca campanha na qualificação (o Brasil só se apura na última jornada, com o 3-0 sobre a Venezuela). Contestado, Scolari não pestaneja. "Esta é a minha família e é bom que todos nós puxemos para o mesmo lado com o objectivo de chegarmos ao penta", reage. Firme seguidor do princípio dos três "erres" (Rivaldo, Ronaldinho e Ronaldo), nem se deixa abalar pela lesão do capitão Emerson na véspera do arranque do primeiro Mundial disputado a dois (Coreia do Sul/Japão) e na Ásia. A braçadeira salta para Cafu e vai ser o lateral a levantar a taça. Isso mesmo, o Brasil é penta com uma campanha sem qualquer deslize: sete vitórias em sete jogos.
Scolari sabe-a toda. Ronaldo também. Num mês, o avançado dissipa qualquer dúvida e diz alto e bom som "contem comigo", dentro do campo, com a bola nos pés. Não há um só segredo mas sim vários, como concentração, determinação e, também, alguma manha. De um dia para o outro, o seu peso aumenta consideravelmente e, conhecendo o "olho vivo" dos jornalistas, faz um corte de cabelo à Cascão, consagrado personagem de BD para dispersar as atenções sobre a "barriga". O que não passa despercebido é a avalanche de golos: oito em seis jogos, com direito a bis na final contra a Alemanha, com ajuda de Kahn no 1-0. Terminado o jogo, Ronaldo não esquece o guarda-redes e vai confortá-lo. Campeão moral e não só. Afinal, Ronaldo factura o título de melhor marcador do torneio. E ultrapassa aquela barreira dos seis golos, inquebrável desde 1974 (Lato-7). Nesse dia, 30 de Junho, também se joga a final do Mundial alternativo entre as piores selecções do mundo. De um lado, Butão (202.a classificada no ranking FIFA). Do outro, Montserrat (203.a). Acaba 4-0 para o Butão, com hat-trick de Wangay Dorji. Outro fenómeno"