Escreve o DN de Lisboa que “o antigo ministro
intensifica atividade empresarial no mês em que regressa a cargo político.
Passos Coelho tem o ‘ braço direito’ à disposição para batalha eleitoral de
2015. As últimas atividades empresariais de Miguel Relvas mostram que o
regresso à política – para o órgão maior do PSD entre congressos, o conselho
nacional – não significa um abrandamento da atividade profissional de
consultor. O antigo ministro constituiu, aliás, este mês uma empresa de
“consultoria para os negócios e gestão”, que tem o nome de “M. F. Relvas –
Planeamento Estratégico, Lda”. Relvas é o sócio- gerente da empresa ( detém
74%) e tem como parceiro de sociedade a filha Filipa Relvas ( com 26%). A
empresa está sediada na atual morada do antigo ministro e foi constituída a 3
deste mês na 4. ª Conservatória do Registo Comercial de Lisboa. O antigo “homem
do aparelho” do PSD tem intensificado a vida profissional como consultor
empresarial desde que saiu do Governo, em abril de 2013. Reativou também outra
empresa com o mesmo objeto social ( a Integrabalance, Lda) que era unipessoal,
mas que em janeiro deste ano Relvas transformou em sociedade por quotas,
cedendo uma participação de 4% a Filipa Relvas, que foi ganhando protagonismo
nos negócios do pai. Filipa chegou a ser designada gerente da Integrabalance,
empresa que terá – de acordo com contas apresentadas de 2013 – um ativo de 439
888 euros e que fez em 2011 ( último ano de atividade antes de Relvas ser
ministro) 193 193 euros em “vendas e serviços prestados”. A vida empresarial de
Miguel Relvas – que assenta agora nestas duas empresas – passa essencialmente
pelo triângulo Angola- Brasil- Moçambique. Opera por exemplo na área
energética. No Brasil, são conhecidas as suas ligações a um importante advogado
do Rio de Janeiro, Paulo Eloísio de Sousa. Este foi em agosto um dos
responsáveis pela escolha do ex- ministro para alto- comissário da Casa Olímpica
da Língua Portuguesa no Brasil. Uma opção motivada pelo seu “conhecimento da
realidade dos países de língua portuguesa”. A escolha de Relvas para número um
da lista de Passos Coelho ao Conselho Nacional do PSD apanhou o partido
completamente de surpresa. Dirigentes próximos de ambos disseram ao DN que o
líder do partido quis recompensar o seu velho amigo pela forma abrupta como se
desencadeou a sua demissão. Relvas tinha pedido a Passos para sair, desgastado
que estava com a permanente polémica em torno da sua licenciatura. Só que o
primeiro- ministro não o deixou e Relvas perdeu o controlo da agenda, saindo
empurrado pelas circunstâncias – a inspeção à U. Lusófona movida pelo
Ministério da Educação que poderia anular o seu título académico. No discurso
de demissão, Relvas fez questão de lembrar que passara por ele a ascensão
política de Passos. Agora o líder “laranja” reabilita- o, mesmo sabendo que
isso ensombraria um congresso que lhe correu genericamente bem. Há na cúpula do
partido quem ache que a agenda telefónica de Relvas será indispensável a Passos
na preparação da campanha de 2015. E que a “reabilitação” do ex- ministro serve
também para o líder moderar o poder interno crescente de Marco António Costa,
coordenador do partido. O DN tentou falar com Miguel Relvas, que estará ainda
no Brasil, de onde enviou o mail com a assinatura que o oficializa no novo
cargo. O dirigente disse apenas que nada tinha a acrescentar à declaração que
fez à Lusa no sábado. “O mais relevante, neste momento, é dar o meu contributo
ao meu partido, num projeto liderado por Passos Coelho, em que sempre
acreditei.”