Segundo o Dinheiro
Vivo, “os países que beneficiam da assistência do Fundo Monetário
Internacional (FMI) não estão ao abrigo de uma situação de incumprimento da sua
dívida, indica a agência de notação financeira Moody's. "Os países sob
assistência do FMI estão expostos a riscos de incumprimento importantes devido
às suas vulnerabilidades de longo prazo e apesar do apoio sólido que esses
programas de ajuda lhe têm dado", aponta-se no documento que sintetiza uma
investigação, centrada no período 1983-2012 e que considerou 168 países, dos
quais 114 receberam dinheiro do FMI. A Moody's apurou que 16,4% destes Estados
não pagaram parte da sua dívida nos cinco anos que se seguiram ao início do
programa de assistência do FMI.
"Metade das bancarrotas de
estados desde 1983 foram precedidas por programas do FMI", especificou a
Moody's, que justificou assim a sua política de não elevar a nota de
solvabilidade que atribui aos países quando estes recebem o apoio do FMI. O
levantamento da Moody's deste período de 30 anos apurou inclusive que os
incumprimentos foram mesmo o dobro no caso dos países que receberam a ajuda do
FMI. Este enviesamento é explicado pela agência de 'rating' com o facto de os
países que recorrem ao FMI já serem confrontados com "fatores de
risco", podendo redundar em incumprimentos, como uma crise bancária ou uma
dívida "muito elevada". O exemplo mais marcante é o da Argentina, que
teve de reembolsar uma grande parte dos seus credores no final de 2001, quando
estava há vários anos sob assistência financeira do FMI. Ainda segundo a
Moody's, este estudo mostra porém que a "grande maioria" dos países
apoiados pelo FMI não falhou o pagamento da sua dívida, apesar de muitos de
entre eles estarem privados de acesso aos mercados financeiros. "É a prova
que os programas do FMI conseguiram com frequência reduzir o risco de
incumprimento do pagamento", relativiza a agência. Depois de um refluxo no
início dos anos 2000, o número de planos de assistência do FMI tornou a subir
com a crise financeira de 2008. Hoje, são mais de 60 os países que recorreram
aos empréstimos da instituição, situados na sua maioria em África. Há também
quatro países da zona euro -- Portugal, Grécia, Irlanda e Chipre -- que
receberam empréstimos do FMI no quadro de planos internacionais realizados em
conjunto com a União Europeia”