segunda-feira, agosto 19, 2013

Este país não é para Briefings: só duraram 44 dias...



Escreve o jornalista do Jornal I, Luís Claro que “começaram no início do Verão, mas não resistiram às altas temperaturas. No PSD há quem deseje que não regressem de férias. Um mês e meio foi o tempo que duraram, pelo menos com este formato, os polémicos briefings do governo. A intenção era resolver o problema de comunicação, mas os próprios briefings tornaram-se um problema e não resistiram ao Verão. "O ruído", expressão utilizada por Poiares Maduro para expressar a fragilidade do modelo, foi tanto que o governo já anunciou a intenção de alterar o formato e a regularidade dos encontros. Foi pela regularidade, ou falta dela, que os briefings começaram a gerar polémica. Se, no início, o governo anunciou que os encontros seriam diários para que o executivo falasse "a uma só voz" não tardou que passassem a ser bissemanais. Como se não chegasse, um dia depois de o governo inaugurar este novo modelo de comunicação, Paulo Portas comunicou ao país que se tinha demitido. No próprio dia em que Portas lançou a bomba ainda houve briefing, como se nada estivesse para acontecer dentro do governo, mas a abertura de uma crise política fez os briefings irem de férias durante quase um mês. Uma "coincidência infeliz", nas palavras do ministro Poiares Maduro ou não tivesse Vítor Gaspar apresentado a demissão no dia em que o governo estreou os briefings.
FOI UM SUSTO
Com a crise resolvida, os briefings voltaram, mas nem por isso as coisas correram melhor. Em plena polémica sobre o envolvimento do secretário de Estado do Tesouro no caso dos swaps, Pais Jorge enfrentou as câmaras de televisão, mas não conseguiu disfarçar algum nervosismo, e sobretudo embrulhou-se em contradições. Na semana seguinte, o governante apresentou a demissão. "Foi um susto ver o homem responder", comentou Marcelo Rebelo de Sousa. O ex-líder do PSD avisou que "ainda não houve um briefing que corresse bem", enquanto Marques Mendes apontou o dedo a quem os dirige, que "não tem jeito para tal". Num artigo na revista "Visão", esta semana, o ex-ministro de Cavaco Silva defende que tentar resolver problemas políticos com operações de comunicação "dá desastre garantido". Tanto o PSD como o CDS receberam com alívio a notícia do fim dos briefings, perante a confusão que estavam a criar em vez de melhorar a comunicação. "Não foi feliz a ideia", admite ao i o deputado Guilherme Silva. O ex-líder do grupo parlamentar do PSD defende que se "provou" que "este modelo falhou" e "não se justificava". Guilherme Silva, como outros no PSD, defende que "as medidas têm de ser explicadas", mas não assim. Mais cauteloso, o deputado centrista Raul de Almeida reconhece que "a comunicação não foi bem cuidada e não foi uma prioridade" nos primeiros dois anos do governo, mas julga que isso se justifica com a situação de "emergência nacional". A partir de agora, o centrista considera que existem condições para "afinar o formato dos briefings". "É uma coisa nova. Não quer dizer que no primeiro formato as coisas corram bem."
VAMOS PENSAR MELHOR
Perante tantas críticas, o governo decidiu pensar noutro formato, mas ainda não revelou qual. O ministro Poiares Maduro disse apenas que o governo irá pensar "como melhor evoluir", mas garantiu que terão uma "regularidade diferente" e "um formato" novo. O que isto quer dizer só saberemos quando os mentores dos briefings regressarem de férias, provavelmente num briefing convocado para o efeito”.