Escreve o
jornalista do Jornal I, Luís Claro que “começaram no início do Verão, mas não
resistiram às altas temperaturas. No PSD há quem deseje que não regressem de
férias. Um mês e meio foi o tempo que duraram, pelo menos com este formato, os
polémicos briefings do governo. A intenção era resolver o problema de comunicação,
mas os próprios briefings tornaram-se um problema e não resistiram ao Verão.
"O ruído", expressão utilizada por Poiares Maduro para expressar a
fragilidade do modelo, foi tanto que o governo já anunciou a intenção de
alterar o formato e a regularidade dos encontros. Foi pela regularidade, ou
falta dela, que os briefings começaram a gerar polémica. Se, no início, o
governo anunciou que os encontros seriam diários para que o executivo falasse
"a uma só voz" não tardou que passassem a ser bissemanais. Como se
não chegasse, um dia depois de o governo inaugurar este novo modelo de
comunicação, Paulo Portas comunicou ao país que se tinha demitido. No próprio
dia em que Portas lançou a bomba ainda houve briefing, como se nada estivesse
para acontecer dentro do governo, mas a abertura de uma crise política fez os
briefings irem de férias durante quase um mês. Uma "coincidência
infeliz", nas palavras do ministro Poiares Maduro ou não tivesse Vítor
Gaspar apresentado a demissão no dia em que o governo estreou os briefings.
FOI UM SUSTO
Com a crise
resolvida, os briefings voltaram, mas nem por isso as coisas correram melhor.
Em plena polémica sobre o envolvimento do secretário de Estado do Tesouro no
caso dos swaps, Pais Jorge enfrentou as câmaras de televisão, mas não conseguiu
disfarçar algum nervosismo, e sobretudo embrulhou-se em contradições. Na semana
seguinte, o governante apresentou a demissão. "Foi um susto ver o homem
responder", comentou Marcelo Rebelo de Sousa. O ex-líder do PSD avisou que
"ainda não houve um briefing que corresse bem", enquanto Marques
Mendes apontou o dedo a quem os dirige, que "não tem jeito para tal".
Num artigo na revista "Visão", esta semana, o ex-ministro de Cavaco
Silva defende que tentar resolver problemas políticos com operações de comunicação
"dá desastre garantido". Tanto o PSD como o CDS receberam com alívio
a notícia do fim dos briefings, perante a confusão que estavam a criar em vez
de melhorar a comunicação. "Não foi feliz a ideia", admite ao i o
deputado Guilherme Silva. O ex-líder do grupo parlamentar do PSD defende que se
"provou" que "este modelo falhou" e "não se
justificava". Guilherme Silva, como outros no PSD, defende que "as
medidas têm de ser explicadas", mas não assim. Mais cauteloso, o deputado
centrista Raul de Almeida reconhece que "a comunicação não foi bem cuidada
e não foi uma prioridade" nos primeiros dois anos do governo, mas julga
que isso se justifica com a situação de "emergência nacional". A
partir de agora, o centrista considera que existem condições para "afinar
o formato dos briefings". "É uma coisa nova. Não quer dizer que no
primeiro formato as coisas corram bem."
VAMOS PENSAR
MELHOR
Perante tantas
críticas, o governo decidiu pensar noutro formato, mas ainda não revelou qual.
O ministro Poiares Maduro disse apenas que o governo irá pensar "como
melhor evoluir", mas garantiu que terão uma "regularidade
diferente" e "um formato" novo. O que isto quer dizer só
saberemos quando os mentores dos briefings regressarem de férias, provavelmente
num briefing convocado para o efeito”.