sábado, outubro 01, 2011

Opinião: "Olhos de Ver - Falar sério e claro!"

"Impressiona a passividade com que os nossos decisores políticos, regionais e locais, enfrentam e toleram esta crise de consequências imprevisíveis para os Açores. Agora mais do que nunca importa falar a verdade e explicar às pessoas o que está a acontecer. E os políticos regionais não estão a fazer isto. Pelo contrário os nossos decisores políticos continuam a viver num mundo de fantasia: de festas e esbanjamento, de mordomias inaceitáveis, de clientelismo e amiguismo e de projectos mirabolantes. Vivem em torres de marfim, ostracizados, afastados das pessoas, das empresas e dos seus problemas e dificuldades. E ainda não perceberam que o mundo mudou muito nos últimos anos, e o país vai ter de ser praticamente refundado, por obrigação externa. E isto vai ter consequências drásticas para a Região.
A Lei de Finanças Regionais vai ser alterada assim como a Lei de Finanças Locais, independentemente da gritaria que possa surgir. As transferências da república vão ser cortadas. Não tenhamos ilusões, porque não há alternativa. É preciso cortar, de forma significativa, na despesa pública. E não apenas pequenas medidas de efeito mediático e de impacto quase nulo.A máquina administrativa regional custa cerca de 600 milhões por ano. Isto é insustentável, mais ainda quando as receitas das transferências vão ser reduzidas. As receitas próprias da Região nem cobrem as despesas de funcionamento da administração. O investimento público (dito Plano) está a ser financiado pelo exterior: orçamento de estado e união europeia. Ora se as transferências vão ser reduzidas, e se não houver cortes drásticos na administração regional, o investimento público estará em causa e assim a desgraça será ainda pior. Antes que a Região seja obrigada a cortar, por imposição externa, é de todo aconselhável, antecipar este trabalho e avançar com um conjunto de medidas sérias e concretas de redução da despesa. Há gabinetes governamentais repletos de assessores, sem qualquer sentido, onde se gastam milhões por ano. Apenas por solidariedade e amizade políticas, ou para controlo pessoal. Há gastos com serviços externos que não são admissíveis. Há despesas de comunicações, de deslocações e estadas que são uma afronta aos açorianos que sofrem tremendas dificuldades, muitos deles portas adentro. Há mordomias assumidas pelos detentores de cargos públicos que têm de ser banidas. Há milhões e milhões desperdiçados com equipas profissionais que militam em campeonatos nacionais, para promoção pessoal de dirigentes e gáudio dos políticos. Fundos estes que servem apenas para alimentar atletas de fora. Milhões são gastos a transportar jovens no verão para as várias festas concelhias. Milhões e milhões continuam a ser gastos em festas e festanças.
Há inúmeros organismos regionais que têm de ser extintos ou fundidos e que para nada servem.
Há empresas públicas regionais que foram apenas instrumentos de desorçamentação e que agora só trazem mais despesa pública. Há equipamentos, verdadeiros elefantes brancos, sem receitas e apenas a pesar na despesa que têm de ser racionalizados. São estas algumas das ditas “gorduras” que importa rapidamente eliminar. Para se poder libertar fundos para a dinamização económica e criação de emprego e riqueza. Se assim não fizermos de forma gradual vamos ser obrigados a fazer de forma abrupta e a mando de qualquer entidade do exterior. Por isso e para isso é que temos governantes
".
(Texto de Luís Anselmo no Correio dos Açores, com a devida vénia)

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