sábado, março 26, 2011

Seguro e Assis na linha da sucessão

Segundo o Sol, num texto da jornalista Susete Francisco, "Socráticos preferiam António Costa, mas o presidente da Câmara de Lisboa não avança. O PS está unido em torno de José Sócrates e alinhará ao lado do líder do partido na próxima campanha eleitoral. Mas as movimentações para a sucessão do secretário-geral no caso de um eventual desaire nas urnas já começaram há muito. António José Seguro tem trabalho feito junto das bases desde há vários anos, tendo sido o primeiro a afastar-se da liderança de José Sócrates, em cujos Governos, aliás, nunca participou. E Francisco Assis, na ausência de António Costa, é o mais provável concorrente pelos defensores de uma linha de continuidade com a actual direcção. O presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, é o nome preferido no PS para disputar com António José Seguro a liderança do partido, num cenário de sucessão de José Sócrates. Mas o actual presidente da Câmara de Lisboa já avisou que pretende terminar o mandato na autarquia e deverá recandidatar-se nas eleições autárquicas de 2013 livre de qualquer cargo dirigente no partido. O que, ainda assim, não desmobiliza os socialistas que querem ver o actual número dois do partido passar a líder. Aliás, muitos socialistas lembram agora o caso de Jorge Sampaio que, em 1989, acumulou a presidência da capital com a liderança do partido. «Vai ser pressionado a avançar» é uma frase que se ouve repetidamente entre os socialistas que não se revêem numa esperada candidatura de António José Seguro. Costa é visto como o dirigente que melhor pode congregar o PS em torno de uma candidatura alternativa. Por um lado, manteve-se sempre com José Sócrates e sabe que garantiria o apoio de boa parte do núcleo-duro do primeiro-ministro demissionário. Por outro lado, conseguiu reforçar o estatuto de líder na reserva ao afastar-se do Governo e seguir vcaminho próprio e autónomo do actual secretário-geral. E, além disso, é um dirigente com peso no aparelho, capaz de disputar a vitória a qualquer outro candidato. Uma prerrogativa que mais dificilmente é reconhecida a Francisco Assis, o actual líder parlamentar do PS. «Não tem partido para enfrentar Seguro», antecipa um dirigente socialista. A ideia é que mesmo para António Costa não será fácil ganhar a António José Seguro. Caso seja Francisco Assis a assumir a disputa, a dificuldade será muito maior. A força de Seguro junto do aparelho partidário é reconhecida mesmo pelos seus adversários, a quem não passou despercebido o constante trabalho do deputado junto das bases e a proximidade a muitos líderes de federação. Mas o distanciamento do deputado face ao Governo de José Sócrates, e algumas críticas que foi assumindo pelo caminho, valeram-lhe também o antagonismo de vários dos actuais dirigentes. Resultado, nas palavras de um deles: Seguro pode avançar num futuro próximo para uma corrida à liderança, mas «não avança sozinho».
Sócrates decide
A sucessão de José Socrates já se discute nos bastidores, mas ainda em surdina. Por agora, as contas são outras: vem aí a constituição das listas de candidatos a deputados e será Sócrates a comandar este processo. O que, por si, é um poderoso factor de contenção nas críticas internas. Mas não é o único. A luta pelo poder no PS vai depender em muito do resultado das eleições legislativas. Esta semana, vários nomes próximos de José Sócrates vieram afirmar que o secretário-geral poderá manter-se no cargo, mesmo em caso de derrota. José Lello, membro do secretariado do partido e um nome próximo do ainda primeiro-ministro, é taxativo: «Vai ficar. O PS não varre os seus líderes». O também deputado dá o exemplo de Ferro Rodrigues, que «também não saiu quando perdeu». Uma ideia que foi lançada por Capoulas Santos, director de campanha de Sócrates, em declarações ao Diário de Notícias, e que foi também subscrita por Renato Sampaio, líder da federação do Porto. A convicção dos socráticos não se estende a outros sectores do PS. «Se perder tem de sair», referiu ao SOL um dirigente socialista. «Não vejo grande interesse em que fique. Até para o próprio», refere também um deputado. O desfecho dependerá da vontade do secretário-geral socialista. Hoje e amanhã, o PS está em eleições directas para eleger o líder e, face à concorrência de Jacinto Serrão, Fonseca Ferreira e António Brotas, ninguém duvida que Sócrates sairá do fim-de-semana com uma folgadíssima vitória".

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