Aviação: "Os pássaros estão mais perigosos"
Com este título li no Expresso um texto de Vera Lúcia Arreigoso, segundo o qual os casos envolvendo animnais no aeroporto de Lisboa, aumentaram 72% em três anos: "Aeroporto de Lisboa admite risco de acidente e vai alertar regulador. É um problema de vizinhos que entraram em rota de colisão. Os choques entre aves e aviões nos aeroportos nacionais aumentaram e o nível de risco de acidente está a alarmar os responsáveis pela aviação civil. Já na próxima semana, o aeroporto de Lisboa vai enviar uma missiva à autoridade aeronáutica nacional pedindo, urgentemente, “licença para matar”. Dados do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves (GPIAA) mostram que as colisões entre aves e aviões — tecnicamente “bird strikes” — aumentaram 72% entre 2006 e 2008. Sobre este ano ainda não há estatísticas, mas “segundo as pessoas que estão no terreno, iremos ter mais reportes”, diz o investigador principal do GPIAA, António Barros. No caso dos aeroportos de maior dimensão — Porto, Lisboa, Faro e Funchal —, o ano passado até ficou marcado por uma diminuição dos incidentes, sobretudo sem danos, mas 2009 agravou as dificuldades. “Registávamos mais problemas no início da Primavera e no final do Verão, mas tem havido um aumento das interferências de aves e que se tem mantido em Junho, Julho e Agosto”, revela o responsável pela segurança operacional do aeroporto de Lisboa, Paulo Medo. A empresa de gestão aeroportuária, ANA, atribui o problema “ao aumento do tráfego e da população animal”. E, acrescenta: “Estes factores associados ao aumento da velocidade das aeronaves, silêncio e sua vulnerabilidade, triplicam o problema”. A prova é que já há casos inéditos. “Este ano, fomos invadidos por nuvens de andorinhas atraídas pela proliferação de insectos devido ao clima. As andorinhas vieram para aqui porque apanham os insectos meio adormecidos, o que acontece sempre que um avião descola e os motores aquecem o ar”, conta Paulo Medo. Os aeroportos da Madeira, por exemplo, estão a tentar controlar a população de coelho bravo. “Em 2009, já foram realizadas duas intervenções. Baseiam-se em métodos de captura, após a qual os coelhos são vacinados e colocados em liberdade nas serras da Madeira. Os métodos variam para não criar habituação e outro utilizado é um furão para atrair os coelhos para redes”. A lei só permite o uso de técnicas de afastamento — como canhões de gás, inócuo, e armas sonoras —, mas são rapidamente reconhecidas pelos pássaros. A excepção é a falcoaria. O aeroporto de Lisboa, por exemplo, tem 12 aves — seis falcões, duas águias e um açor — que, do nascer ao pôr-do-sol, patrulham a zona. “Nem precisam voar. A sua silhueta chega para afugentar as aves”, diz o falcoeiro e veterinário Henrique Simas. Contudo, os responsáveis garantem que não chega e são precisos métodos radicais, previstos nas recomendações aeronáuticas internacionais. Redes, armadilhas de captura e armas de fogo são alguns dos métodos, mas terá de ser a autoridade aeronáutica nacional — que está a preparar legislação para aumentar as regras de segurança nas áreas de servidão dos aeroportos — a pedir a excepção ao Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade. É é ainda necessário gerir todo o meio ambiente envolvente para o tornar pouco atractivo para as aves. Esforço que inclui as autarquias e os seus licenciamentos".
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