terça-feira, setembro 01, 2009

Açores:Penhoras, cheques devolvidos e recusa de crédito estão a derrubar agricultores

Escreve o Correio dos Açores que "o Governo Regional lançou, em parceria com as entidades bancárias, linhas de crédito para os agricultores mas os dois homens fortes da lavoura micaelense entendem que isso não resolve total ou parcialmente o problema que atingiu níveis muito preocupantes. E porquê? Porque - “o recurso ao crédito por essa via é um processo muito burocrático” - , para além de todas as exigências que são feitas aos agricultores e que na sua maioria não podem cumprir” porque devem ao fisco e à Segurança Social... A Agricultura portuguesa está a atravessar tempos muito conturbados, e o que se passa nos Açores não é muito diferente, muito embora a dimensão do problema seja menor, porque a única vantagem comparativa que há é que os custos de produção são mais baixos, o que faz com que os agricultores insulares ainda não estejam arruinados. No entanto, a situação é grave: penhoras, cheques devolvidos, recusa de crédito na banca e dificuldades, nome sujo no Banco de Portugal e falta de dinheiro para sustentar as famílias é o cenário que uma grande fatia dos homens da lavoura micaelense e açoriana estão a atravessar. Quantos são não se sabe, mas segundo Jorge Rita, Presidente da Associação Agrícola de S. Miguel, a situação não é pior porque as associações de produtores e cooperativas têm ajudado financeiramente os seus associados. Por isso, diz, “há situações de penhora, mas no geral a situação é encapotada. As associações estão a conseguir gerir uma grande parte da crise, por isso a banca não chega a ver o que se passa na realidade”. No país, o drama é total. Ainda ontem a Associação de Produtores de Leite e Carne (Leicar) revelava ao Correio da Manhã que entre quatro a cinco mil produtores de leite estão a atravessar graves dificuldades. Destes, um quinto está a passar por processos de execução. O Governo quis ouvir o sector, mas as principais associações recusaram. “São, seguramente, mais de mil os produtores que estão a passar por situações de penhora e arresto [de bens]”, um sétimo dos produtores leiteiros de Portugal continental, diz José Oliveira, líder da Leicar, ao jornal diário. A percepção é ganha no terreno, pois a associação faz a contabilidade de muitos produtores. Por cá, também há muitos lavradores a serem notificados, mas as associações, antes que a situação se agrave, dão uma ajudinha, mas até quando é possível controlar isso? Ninguém sabe. Segundo as contas da Leicar e da Fenalac, existem no continente apenas sete mil produtores, a que se somam mais de três mil dos Açores. O ministro já disse que desse total três mil pequenos produtores irão desaparecer. Quantos dos Açores podem ver desaparecer as suas produções, ninguém sabe, contudo tanto Jorge Rita como Vergílio Oliveira, Presidente da Associação de Jovens Agricultores, são unânimes em afirmar que a situação que a agricultura vive hoje é de “sufoco e estrangulamento” com pouca visão de crescimento, uma vez que “sob o manto da crise” a baixa do preço do leite à produção empobreceu muito mais os produtores, que agora não têm capacidade de dar a volta, porque os seus rendimentos baixaram drasticamente".

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