O Jornal de Notícias, num trabalho do jornalista Paulo Martins, desenvolve hoje os resultados da sondagem a que já ontem fizemos alusão através de uma notícia da RTP: "Subida do PSD não elimina percepção de que socialistas voltam a uma posição confortável - O PS dispõe de sete pontos percentuais de vantagem sobre o PSD, na mais recente sondagem da Universidade Católica para o JN, a RTP e a Antena 1. Está de novo perto da maioria absoluta, apesar de o PSD também subir. Nestes termos exposta, a síntese dos resultados do estudo de opinião poderia indiciar uma maior bipolarização em torno dos partidos centrais do espectro político. Aparentemente, os socialistas reforçam-se à custa da perda de influência da CDU e os social-democratas ganham terreno,junto do eleitorado de Direita, porque o CDS/PP bate no fundo. Trata-se, no entanto, de uma "falsa" bipolarização, por duas ordens de razões. O PS tem, efectivamente, a maioria absoluta na mira, admitindo-se que pode ser conquistada com um resultado a rondar os 43%. No campo oposto, o PSD, embora obtenha o aumento percentual mais significativo, não tem razões para optimismos. Os 34% pouco mais podem representar do que um suplemento de alma. O partido apenas volta ao score "natural", ultrapassada que está a fase de instabilidade de liderança, reflectida negativamente nas intenções de voto. Uma análise das tendências desde Outubro de 2006 ajuda a compreender por que é tão confortável a actual posição do PS. Os socialistas nunca obtiveram estimativas inferiores a 39%, mesmo nos momentos de maior contestação à política governamental, que em sondagens se exprimiu, regra geral, nas "notas" atribuídas aos ministros. Ao longo do mesmo período, o PSD alcançou um máximo de 35%, com excepção da primeira deste conjunto de sondagens, em que chegou aos 37%. Numa fase em que a liderança de Marques Mendes não era afectada por dissensões internas. A percepção de incapacidade do PSD para se assumir como alternativa credível não assenta apenas nas opções eleitores manifestadas pelos inquiridos. Revela-se, igualmente, na abrupta quebra de popularidade de Manuela Ferreira Leite e no facto de poucos acreditarem que o partido teria um melhor desempenho do que o PS, se fosse investido em funções governamentais. Duas questões que analisamos de forma mais detalhada nas páginas seguintes. Depois de ter atingido os dois dígitos, a CDU volta a cair. É a maior descida entre os partidos, demonstrativa de que os comunistas não estão a conseguir capitalizar a seu favor o aperto de cinto a que a crise tem obrigado. A coligação apresenta-se assim empatada com o rival Bloco de Esquerda, cujo score tem vindo a apresentar uma assinalável estabilidade, entre os sete e os oito pontos percentuais. egistando o pior resultado em dois anos de barómetro eleitoral da responsabilidade da Universidade Católica, o CDS/PP é atirado para uma posição especialmente vulnerável. A confirmarem-se os 2%, o partido de Paulo Portas deixa de ser indispensável à revalidação de uma aliança governamental como as que conduziram Durão Barroso e Santana Lopes à chefia do Governo. Pior: corre um risco efectivo de desaparecer do espectro político.Ficha Técnica
Sondagem realizada pelo Centrode Sondagens e Estudos de Opinião da Universidade Católica (CESOP) para a Antena 1, a RTP e o Jornal de Notícias entre nos dias 4 e 5 de Outubro de 2008. O universo alvo é composto pelos indivíduos com 18 ou mais anos recenseados eleitoralmente em Portugal Continental. Foram seleccionadas aleatoriamente 19 freguesias do país, tendo em conta a distribuição da população recenseada eleitoralmente por regiões e por freguesias com mais e menos de três mil habitantes. A selecção aleatória das freguesias foi sistematicamente repetida até que os resultados eleitorais das eleições legislativas de 2005 nessas freguesias estivessem a menos de 1% dos resultados nacionais dos cinco maiores partidos, ponderado o número de inquéritos a realizar em cada freguesia. Os domicílios em cada freguesia foram seleccionados por caminho aleatório e foi inquirido em cada domicílio o mais recente aniversariante recenseado eleitoralmente na freguesia. Foram obtidos 1297 inquéritos, sendo que 53% dos inquiridos eram do sexo feminino. Todos os resultados obtidos foram depois ponderados de acordo com a distribuição da população com 18 ou mais anos residente no Continente por sexo, escalões etários e qualificação académica, na base dos dados do Censos. A margem de erro máximo associado a uma amostra aleatória de 1297 inquiridos é de 2,7%, com um nível de confiança de 95%.
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