sábado, outubro 18, 2008

A "maioridade" da JSD...

Eu já tive oportunidade de referir o que penso das organizações de juventude, nos tempos que correm, e particularmente da utilização que delas é feita, em determinadas circunstâncias por causa de determinados acontecimentos em concreto. Podem as organizações de juventude dizer publicamente que têm mil, dois, três, cinco ou dez mil militantes inscritos - que estatutariamente são militantes filiados nos respectivos partidos! - que a realidade quotidiana, as reuniões, as mobilizações, acabam por mostrar o outro lado da moeda, que a participação política nada tem a ver com essa amplitude exagerada que alguns querem dar das organizações. E cada vez mais os jovens têm hoje outras prioridades, outras alternativas sociais, outras opções, outras preocupações e objectivos, suficientemente fortes que os afastam quase que por naturalidade e inevitabilidade da militância activa pelo menos numa determinada fase inicial da sua vida. Neste contexto, a JSD da Madeira, de há uns anos a esta parte, bem ou mal, vem sendo associada, a essa disputa interna e uma estratégia que tem 2011 como horizonte. E não retiro, quanto a esta questão da manipulação e do servilismo, uma vírgula que seja ao que até hoje disse ou escrevi sobre o assunto, independentemente disso agradar ou não a quem a dirige. Também, confesso, não é coisa que me incomode rigorosamente nada. Tal como não estou a querer lançar a suspeição seja sobre quem for, apenas a referir factos indesmentíveis, nomeadamente a criação de uma espiral em cadeia, em que uns se sucedem aos outros garantindo um certo controlo que eu espero nunca seja o controlo sobre a liberdade e as opções dos jovens, porque isso seria péssimo para a democracia, para o partido e para eles próprios, enquanto cidadãos livres. Mas é evidente que todos sabem, a começar pelo topo da hierarquia que a realidade é esta. Por isso foi sem qualquer admiração que li hoje na edição online do DN local a notícia: "Reunião polémica: Martinho Gouveia retira candidatura na JSD-M - Restam apenas duas candidaturas à liderança da JSD-M. Martinho Gouveia, um dos três candidatos assumidos nas últimas semanas, retirou, ontem à noite, durante o Conselho Regional, a candidatura. As razões foram várias, mas essencialmente por entender que "as coisas estavam premeditadas em favor de outra candidatura" e ainda por sentir que o Conselho Regional "estava claramente viciado". Essas circunstâncias foram determinantes para que "não quisesse seguir em frente com estas palhaçadas". A reacção surgiu minutos depois de anunciar a decisão perante um plenário repleto de conselheiros. Num Conselho Regional onde os ânimos chegaram a estar bastante quentes, o actual presidente da Junta de Freguesia do Santo da Serra, depois de uma intervenção acalorada, anunciou a desistência e abandonou a sala. Já fora da sede do PSD-Madeira, acusou a líder da "jota", Nivalda Gonçalves, de tentar "fomentar o carreirismo político" e ainda de "tentar influenciar os conselheiros a favor da Vânia Jesus", assegurou, ao DIÁRIO, o ex-candidato. O descontentamento era evidente no tom de voz de Gouveia, que ainda teve tempo para disparar na direcção do Conselho de Jurisdição e ainda no presidente da Mesa, Francisco Nunes, outro dos candidatos com argumento de "cortar sempre a palavra". O facto de o Congresso se realizar em Novembro e não em Dezembro, como esperava, é um dos aspectos que Gouveia não aceita. Atendendo à crispação, alguns elementos da JSD-M admitiam que durante a reunião que se prolongou pela noite dentro também Francisco Nunes fosse apresentar a sua desistência. Se o fez, fica o caminho totalmente livre para a liderança de Vânia Jesus, a actual secretária-geral de Nivalda Gonçalves. Conselho Regional pela noite dentro - O VI Conselho Regional da JSD-Madeira prolongou-se, ontem, pela noite dentro.Com arranque às 19 horas, o Conselho ficou marcado pela desistência da candidatura de Martinho Gouveia. Durante a iniciativa que teve na ordem de trabalho - entre outros assuntos - a aprovação do Regulamento ao XVII Congresso da JSD/Madeira, Vânia Jesus apresentou as linhas principais do projecto político que vai dar origem à moção de estratégia a propor ao Congresso.Ontem estava prevista a apresentação por parte de Nivalda Gonçalves dos dias 22 e 23 ( penúltimo fim-de-semana de Novembro) para a realização do Congresso da JSD-Madeira que vai eleger o novo líder da estrutura partidária.Por limite de idade, Nivalda Gonçalves deixa a liderança da 'jota laranja', um cargo que assumiu em 2006". Confesso que não conheço nenhum dos protagonistas, apenas pela fotografia, embora no caso da deputada Vânia Jesus seja natural que acompanhe a sua actividade parlamentar e tenha conhecimento factual do seu papel decisivo no desfecho recente das eleições intercalares em Gaula (aliás, ao que me consta, freguesia onde reside) devido ao seu envolvimento em toda a logística. Mas a deputada Vânia tem algo que ajuda a dar-me razão, quanto à preocupação de controlar, custe o que custar, a organização, não só evidenciada pelo facto do Congresso ter sido antecipado um mês, mas pelo facto de que não precisava, não precisa, de andar a envolver-se neste tipo de "guerras" que nunca lhe serão favoráveis. Vânia tem 29 anos, faz 30 anos em Janeiro próximo, e que eu saiba a JSD não pode andar sistematicamente a espezinhar normas estatutárias que impõem os 30 anos como limite de idade par a fazer parte da organização. Eu sei que no passado foi feita uma "marosca" para perpetuação por mais alguns anos de pessoas que inclusivamente estavam a menos tempo de cumprir os 30 anos e que a JSD já caiu no ridículo de, depois de eleger 8 ou 9 deputados regionais ao parlamento regional, após um Congresso, a meio da Legislatura, ficou com apenas 1 ou 2 deputados, já que os demais foram obrigados a sair. Mas isso não significa que Vânia de Jesus tenha que seguir esses exemplos (maus). E se todos querem a credibilidade das organizações de juventude, então comecemos exactamente por aqui, por respeitar as disposições estatutárias e por não cair em situações absurdas, quase ridículas me permitem. O que me parece lógico, e sério, seria que Vânia de Jesus pura e simplesmente não se envolvesse nestas confusões, até para defesa da sua dignidade. Mas também me pareciam existir por aí candidaturas que estariam a ser empurrados de fora para dentro, provavelmente com os mesmos objectivos que referi no início deste comentário. Mas enfim, está é a minha opinião pessoal, já que cada um faz livremente o que entender mais correcto. O que pode ocorrer é que contrariamente ao que se passava acabe por ter a desilusão de ter que mudar de opinião.

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