Da autoria de João Duque, Professor Catedrático do ISEG, e publicado hoje no Diário Económico, transcrevo com a devida vénia, porque vale a pena:
"Em petiz ensinaram-me que não só não era bonito mentir, como ainda por cima era “pecado” só expiável nos infernos! Além disso sofria repetidas ameaças, nunca concretizadas, embora não por falta de matéria de facto, de pimenta na língua ou de vergonhoso e acentuado crescimento do nariz…Porém, à excepção da infidelidade conjugal, e em particular na área da economia em momentos de crise, tenho por experiência pessoal que as pessoas gostam que lhes omitam a verdade, pintando cenários irreais. Gostam de ter algo em que acreditem mesmo, que isso não seja verdade… Nos últimos meses tenho-me limitado a ler os sinais que todos os indicadores mostram e quando os afirmo ou escrevo atacam-me com protestos sobre o meu insuportável e desesperante pessimismo. A presente análise é para os que gostam de mentiras (estes não leiam o que se segue entre parênteses). O relatório da OCDE agora divulgado vem cortar em 24% a já magra taxa de crescimento prevista para o Produto da zona euro para o ano de 2008, baixando-a de 1,7% para 1,3%. Ora isso é óptimo (mentira)! Primeiro, porque o corte poderia ser muito maior (verdade), mas em segundo lugar porque como Portugal se situará na metade superior dessa média (mentira), teremos assim oportunidade de convergir para os restantes países da zona euro (verdade condicionada). Mas aguardem por 2009 porque será melhor que 2008 (verdade ou mentira?)". Claro que para alguns deve ser mais um que não percebe nada "disto"...
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