Liberalização: os números

Eu acho que o texto do jornalista Miguel Cunha, hoje publicado no DN da Madeiram, dispensa mais comentários. Ainda há dias ouvimos que ninguém tinha valores disponíveis. Eu também tenho alguns que daqui a uns dias vou colocá-los aqui. Mas MC hoje no DN já deixa umas luzes:

"No meio de uma histeria política, com os diferentes partidos políticos a exigirem a cabeça de um governante, de cada lado do oceano, e com os governos da República e da Madeira a afirmarem ser prematuro avançar dados referentes à prometida monitorização e acompanhamento do processo de liberalização da rota entre Madeira e o continente português, a verdade é que o DIÁRIO apurou um dado irrefutável: há menos passageiros a viajar de avião a partir da Madeira. Embora as estatísticas oficiais possam vir a revelar um aumento de 6,5% no número de passageiros do Aeroporto da Madeira, vindos de Lisboa e do Porto, a verdade é que nos primeiros trinta dias de liberalização o número de passageiros transportados de Lisboa para a Madeira decresceu 0,3%, isto quando comparado com igual período do ano passado. Estejam, portanto, atentos os madeirenses, pois as estatísticas estão 'mascaradas' pelo facto de o tráfego entre o Porto e a Madeira ter crescido 39,1%. Menos passageiros de Lisboa. No estudo que efectuámos, é possível concluir que os primeiros trinta dias de liberalização ficam marcados por uma acentuada descida no número de passageiros embarcados no Aeroporto da Madeira. Se o ano passado tinham sido registados 37.376 passageiros, a verdade é que em igual período deste ano embarcaram apenas 35.913 passageiros, ou seja, menos 4%. A circunstância de o número de passageiros registados à chegada ter crescido 3,5% - 36.654 este ano, contra 35.411 em 2007 - permite concluir uma alteração do padrão verificado até à entrada em vigor da liberalização. Dito de outra forma, enquanto o ano passado se verificava um acréscimo de 1.965 passageiros na relação entre partidas e chegadas, este ano constata-se o inverso: há menos 741 passageiros na partida do que à chegada. O que se pode garantir, sem margem para dúvidas, é que em trinta dias embarcaram este ano menos 1.463 passageiros do que em igual período do ano passado, o que traduz um dado irrefutável: há menos 50 passageiros por dia nos voos entre a Madeira e o continente, enquanto entre Lisboa e a Madeira verifica-se uma redução de 24 passageiros por dia. (...) Se considerarmos que na rota Lisboa/Madeira - a mais utilizada pelos madeirenses - houve uma quebra de 4,8%, enquanto nos voos para o Porto há uma subida de 15,6%, fácil é concluir que este último mês teve uma influência determinante no apuramento dos indicadores.Sem confirmação oficial, o DIÁRIO apurou que o 'load factor' - ocupação dos lugares - dos aviões da TAP baixou quatro a cinco pontos percentuais, havendo por isso uma dissonância entre o aumento da oferta (119%) e a procura, ou venda efectiva de bilhetes (24,9%).Da leitura dos dados é possível concluir que TAP (13%) e SATA (14,8%) estão a vender este ano mais bilhetes de e para Lisboa, só que o desaparecimento da PGA não foi aproveitado pelas duas companhias para manterem o mesmo número de passageiros transportados quando a rota era assegurada por voos de três companhias".