terça-feira, junho 03, 2008

Coisas da crise dos combustíveis


- GALP diz-se vítima de uma campanha - A GalpEnergia não ficou surpreendida com as conclusões do relatório. Ferreira de Oliveira voltou a rejeitar a acusação de monopolismo e mostrou-se disponivel para fornecer toda a informação necessária ao mercado (veja aqui o video com a notícia da RTP);
- Economia terá de se adaptar a preços de combustíveis - O ministro da Economia acha o relatório da Autoridade da concorrência importante para descansar os portugueses. Mesmo assim, Manuel Pinho anunciou no Parlamento novas medidas para melhorar a concorrência no sector dos combustíveis (veja aqui o video com a notícia da RTP);
- Autoridade da Concorrência nega cartelização no preço dos combustíveis - A entidade reguladora concluiu que os preços não são combinados entre as petrolíferas, embora fale em "paralelismo". A AdC diz também que não existe ilegalidade nas práticas da GALP, apesar de a petrolífera dominar o mercado (veja aqui o video com a notícia da RTP);
- Do coração da terra até ao depósito - Leia este excelente artigo do jornalista do Diário Económico, António Freitas de Sousa sobre a formação dos preços da gasolina que não obedece a uma regra fixa e, no caso dos países europeus, cada país tem as suas próprias disposições: "Não só em termos do peso dos impostos, mas também do preço final. Como caso exemplificativo, refira-se que, em Portugal, o peso dos impostos é de 52% do preço final dos combustíveis (exactamente a média da União Europeia a 15). No caso da Grécia (que tem a gasolina mais barata da UE), o peso dos impostos é de apenas 39%; são menos 25%, mas a gasolina só é mais barata do que em Portugal cerca de 9%. O contrário também acontece: no Reino Unido (o país da UE com a gasolina mais cara), os impostos pesam mais 23% que em Portugal, mas o seu preço final é apenas 9,5% superior";
- Manuel Pinho pede à Galp para facultar todas as informações sobre custos aos consumidores - O ministro da Economia, Manuel Pinho, afirmou que vai solicitar à Galp que publique regularmente a estrutura de custos e proveitos da actividade de armazenamento e transporte de combustíveis líquidos. Declarações de Manuel Pinho, na Comissão de Assuntos Económicos e Desenvolvimento Regional da Assembleia da República, em Lisboa (oiça aqui a notícia da RDP sobre este tema);
- General Motors anuncia fecho de quatro fábricas devido à subida dos preços do petróleo - Diz o jornalista Pedro Duarte, do Diário Económico, que "a gigante norte-americana General Motors, anunciou hoje que vai encerrar quatro fábricas, introduzir novos carros pequenos e rever se não irá descontinuar a sua marca 'Hummer', de modo a enfrentar as consequências da subida dos preços dos combustíveis. Segundo afirmou aos jornalistas, e citado pela Bloomberg, o CEO da General Motors (GM), Rick Wagoner, o facto dos preços da gasolina terem subido acima dos 4 dólares por galão norte-americano representa "uma mudança estutural, e não apenas cíclica".A GM, que se encontra a tentar regressar ao lucro depois de três prejuízos anuais consecutivos, anunciou que o fecho das quatro fábricas irá permitir poupanças anuais de mil milhões de dólares e reduzir a sua produção anual de veículos de elevado consumo de combustível na América do Norte em 700 000 veículos.Em relação à marca 'Hummer', cujos veículos têm uma grande consumo de gasolina, Wagoner disse que a empresa está "a considera todas as opções, desde uma remodelação completa até uma venda total ou parcial da marca";
- A face positiva dos elevados preços das matérias-primas - Da autoria de Kenneth Rogoff (professor de Economia e Políticas Públicas na Universidade de Harvard, e ex-economista-chefe do FMI) o Publico publicou recentemente um interessante artigo: "A escalada dos preços das matérias-primas denuncia uma verdade fundamental da vida moderna que muitos políticos, em particular no Ocidente, preferiam manter oculta: os recursos naturais da Terra são finitos e, à medida que milhares de milhões de pessoas na Ásia deixam a pobreza para trás, os consumidores ocidentais terão de habituar-se a partilhá-los. Eis outra verdade: partilhar os recursos naturais através do mecanismo de preços é uma solução mais construtiva do que guerrear-se por eles, como fez o Ocidente neste último século. O programa de subsídios aos biocombustíveis patrocinado pela administração norte-americana é o exemplo acabado do que não se deve fazer. Em vez de encarar os elevados preços dos combustíveis como um incentivo à inovação e à conservação de energia, a administração Bush preferiu atribuir generosos subsídios aos agricultores norte-americanos para o cultivo de cereais destinados à produção de biocombustíveis e esquecer que esta política é altamente contraproducente no que ao consumo de água e utilização dos solos diz respeito. Acresce que, mesmo no cenário mais optimista, os EUA e o mundo vão continuar dependentes dos combustíveis fósseis convencionais até que a era dos hidrocarbonetos chegue efectivamente ao fim, sendo que poucos de nós ainda estarão vivos para testemunhar esse momento. Por último, e não menos importante, o uso de vastas áreas de terrenos agrícolas para a produção de biocombustíveis apenas contribuiu para duplicar os preços do trigo e de outros cereais. Numa altura em que se registam "motins de comida" em vários países, talvez tenha chegado o momento de reconhecer que tudo isto não passou de um gigantesco - ainda que bem intencionado - erro. A suspensão temporária dos impostos sobre a gasolina é outra proposta desastrosa, defendida recentemente por dois candidatos à presidência dos EUA. Por muito louvável que possa ser, pois visa ajudar as pessoas com menores rendimentos a fazer face à escalada dos custos dos combustíveis, não é este o caminho que devemos seguir. O imposto deve aumentar e não diminuir. O que mais entristece em tudo isto é que a Organização dos Países Produtores de Petróleo (OPEP) tem feito mais pela conservação ambiental mantendo os preços do petróleo elevados do que os políticos ocidentais, que parecem estar mais interessados em prolongar o consumismo ecologicamente insustentável do Ocidente. Como é óbvio, não são só os preços do petróleo que estão altos. Esta escalada afecta todas as matérias-primas, dos metais aos alimentos, passando pela madeira. Os preços de grande parte das matérias-primas duplicaram nos últimos anos. No caso do petróleo, subiram perto de 400 por cento nos últimos cinco anos. Este cenário releva do facto de o "boom" económico global ter sido o mais acentuado, mais prolongado e mais abrangente de toda a história moderna. A Ásia liderou o processo, mas não podemos esquecer que os últimos cinco anos foram os melhores em muitas décadas para os países africanos e da América Latina. A um longo período de expansão global segue-se, habitualmente, um período de escassez de matérias-primas. Neste aspecto, o actual "boom" em nada difere da "norma". Há políticos que se queixam dos especuladores, que cada vez mais negoceiam matérias-primas em mercados complexos e em crescimento, que lhes permitem fazer apostas sobre se a futura procura dos países emergentes vai, ou não, ultrapassar o crescimento da futura oferta. Será que isto é negativo? Se os "especuladores" têm ajudado a encarecer os preços actuais das matérias-primas porque acham que as gerações futuras também vão querer ter acesso às mesmas, não deveríamos ver nesta abordagem uma evolução positiva? Os preços elevados de hoje significam que, no futuro, haverá mais matérias-primas para as novas gerações, ao mesmo tempo que servem de estímulo à criatividade para se encontrarem novas formas de conter o consumo. Os preços altos estão, no fundo, a ajudar os políticos ocidentais a ponderar alternativas que receavam equacionar";
- Galp obrigada a divulgar custos e proveitos do armazenamento e transporte - Li no Publico que a Galp Energia "vai ser obrigada a publicar os custos e os proveitos da actividade de armazenamento e de transporte de combustível em Portugal, anunciou hoje o ministro da Economia, Manuel Pinho, no Parlamento.Este tipo de informação é actualmente confidencial, mas o ministro da Economia transmitiu aos deputados da comissão parlamentar de Assuntos Económicos e Desenvolvimento Regional, que é determinante para os concorrentes da Galp.Manuel Pinho acentuou ainda a necessidade de promover mais medidas de defesa do consumidor, nomeadamente através da instalação de painéis nas auto-estradas com informação dos preços dos combustíveis e do gás de botija praticados pelos diferentes operadores, bem como a criação de um site institucional que irá permitir comparar preços dos combustíveis";
- Concorrência: não há concertação de preços - Segundo li no Publico, num texto das jornalistas Lurdes Ferreira e Ana Brito, "o presidente da Autoridade da Concorrência (AdC) afirmou hoje que a investigação levada a cabo pelo regulador "não conseguiu" encontrar situações ilícitas na formação dos preços dos combustíveis em Portugal, nem situações de abuso da posição dominante por parte das maiores petrolíferas do mercado, nomeadamente a Galp Energia, a BP e a Repsol."Estamos perante um problema que ultrapassa a dimensão nacional e ultrapassa as questões concorrenciais", disse o novo presidente da AdC. O regulador "identificou indícios de correspondendia razoavel entre os preços praticados e os custos da actividade. Não havia indícios na pratica de preços excessivos, imputável" às petrolíferas. No entanto, a AdC apresenta recomendações em quatro áreas: acesso de concorrentes ao mercado retalhista, informação aos utentes do mercado retalhista, acesso aos terminais portuários e ainda que não haja limitações injustificadas ao armazenamento dos combustíveis líquidos";
- Finanças atacam contrabando - Segundo o jornalista Miguel Alexandre Ganhão do "Correio da Manhã", "as Finanças vão lançar uma megaoperação de combate ao contrabando de combustíveis depois de várias petrolíferas terem dado conta de quebras suspeitas em alguns pontos de venda. "Estamos perante uma operação musculada", afirmou ao Correio da Manhã o secretário de Estado das Finanças. Carlos Lobo adiantou que "haverá várias brigadas mistas, envolvendo a Inspecção Tributária, a Direcção-Geral das Alfândegas e a Inspecção-Geral de Finanças que vão visitar diversos postos de abastecimento no sentido de inspeccionar a qualidade dos combustíveis vendidos e cruzar os níveis de vendas com as quantidades compradas às petrolíferas".Serão visitadas as bombas de gasolina localizadas na fronteira, mas não só. Também as que são responsáveis pela venda de grandes quantidades de combustível serão objecto de fiscalização".

AdC diz que "não há concertação de preços"...

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