segunda-feira, maio 14, 2007

Jacinto Serrão II

Eu li atentamente o artigo de opinião de Jacinto Serrão publicado hoje no DN do Funchal, no qual o ainda líder dos socialistas procura encontrar justificações para a sua estratégia e para a derrota do PS, que não colhem, já que são essencialmente um enumerar repetitivo de argumentos referidos e repisados, sem sucesso em termos de impacto no eleitorado, durante a campanha eleitoral. Faltou a Jacinto Serrão o assumir de responsabilidades pela catástrofe eleitoral e o reconhecimento de opções tomadas e que poderiam ter sido diferentes. Mas isso é problema dele e do PS. Como costumo dizer, trata-se da opinião pessoal que respeito, mesmo que possa, como é o caso, não concordar ou comentar de forma crítica (como nada tenho a dizer quando o fazem em relação ao que escrevo ou digo).
Penso que Jacinto Serrão, claramente fragilizado no seio do PS pelo resultado de 6 de Maio, não tinha condições para continuar a liderar o maior partido da oposição. Sei que ele recusou a demissão, inclusivé resistiu a pressões no domingo eleitoral para que o fizesse. Fui, como é sabido, um crítico de Serrão, mas o combate político é isso mesmo. Fazemos parte de partidos diferentes, temos ideias diferentes, pensamos de forma diferente sobre os problemas actuais e obviamente que nunca poderíamos estar do mesmo lado. Não somos hipócritas nem Serrão nem eu, para não compreendermos e aceitarmos esta realidade. Mas uma coisa são as divergências, mesmo a contundência, outra coisa é o respeito entre pessoas que pensam de forma oposta. Jacinto Serrão cometeu erros, eu próprio certamente que terei cometido erros de análise, interpretação e de apreciação. Mas os meus erros valem o que valem, ao contrário dos erros de Serrão que lhe valeram uma derrota copiosa. Eu aceito a decisão de Serrão e compreendo-a. Não há uma demissão efectiva, até porque o Congresso já estava marcado. Deste modo ele chegará a essa reunião liberto de pressões, livre para fazer um discurso político que não pode ser mais do mesmo. Terá que ser um discurso virado para dentro, capaz de pôr os pontos nos “iiss”, de apontar o dedo mesmo a “parceiros” que andaram a campanha a dizer mal dele e a vaticinar “derrotas pesadas”. E digo isto, aliás repito o que já por diversas vezes aqui referi, sem ter qualquer interesse no que possa acontecer ou não. Digo-o por ser verdade. Se eu pudesse dar um conselho a Serrão dir-lhe-ia que depois desse discurso, logo a abrir o Congresso, deveria abandonar os trabalhos, deixando o partido a discutir livremente o futuro. Antes disso, e aproveitando o facto de ter sido eleito deputado, deveria pedir a suspensão do mandato no Funchal para retomar as funções parlamentares em Lisboa, impedindo que estratégias erradas – pelo menos até as legislativas de Outubro de 2009 – voltem a ser desencadeadas por Maximiano Martins que na noite eleitoral, estranhamente o primeiro a sair pela porta dos fundos, sem ter dado a cara ou a aparecer nas fotografias publicadas nos jornais. Mas certamente que ele não precisa de conselhos, muito menos dos meus. Espero, que no seu discurso de despedida do PS e da liderança, Serrão tenha a coragem de mostrar a alguns que os topou... Só isso.

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