A poucos dias do domingo de eleições legislativas, serão os eleitores indecisos os decisivos no ‘tira-teimas’ que determinará o resultado do sufrágio, isto sabendo que, segundo as sondagens, a percentagem de portugueses nesta situação tem variado nas últimas semanas, mas mantém-se mais alta do que o habitual. Segundo indica ao Público Marco Lisi, professor e investigador da Universidade Nova de Lisboa, como se tratam de eleições antecipadas, isso “pode influenciar a percentagem de indecisos, como no caso de outros choques externos”. No entanto, neste caso em particular, o investigador aponta que o fenómeno se relaciona sobretudo com a oferta partidária, nomeadamente o facto de haver novos partidos e novos líderes. Recorde-se que apenas André Ventura foi eleito líder do Chega antes das eleições de 2022 (todos os outros líderes partidários foram-no depois). O politólogo sustenta que são os mais jovens os que estão entre os eleitores mais indecisos.
“Os jovens apresentam uma maior probabilidade de decidir o seu sentido de voto durante a campanha, mas o fator subjacente será principalmente o facto de não terem uma identificação partidária definida, isto é, não se sentem muito próximos de nenhum partido, pelo menos quando comparados com as faixas etárias mais avançadas”, efeito da socialização política. Normalmente mais moderados, estes jovens indecisos têm tendência para votar mais à direita. Quanto ao primeiro aspeto, “reflete uma característica geral dos indecisos, que é assumirem uma posição central do ponto de vista ideológico”. Já quanto ao espetro político, há uma tendência para os jovens indecisos votarem mais nos partidos de direita, enquanto os indecisos mais velhos nos de esquerda, efeito que estará relacionado com as mudanças nas bases eleitorais dos partidos, e não propriamente com “grandes diferenças” de ideologia.
Os jovens têm também maior propensão à abstenção. “Uma maior insatisfação ou descontentamento em relação à situação económica ou política do país tende a favorecer o voto de protesto, antissistema ou populista”, alerta Marco Lisi. O professor universitário explica ainda que, em geral, pode dizer-se que as mulheres tendem a ser mais indecisas do que os homens. Os motivos são difíceis de desvendar mas prendem-se com falta de uma identidade ou proximidade com os partidos, menor nível de informação e de envolvimento na campanha e uma maior indefinição nas convicções políticas (Executive Digest)
Sem comentários:
Enviar um comentário