quinta-feira, maio 14, 2020

Covid-19: Pandemia está a empurrar 40 a 60 milhões de pessoas para a pobreza extrema


A covid-19 está a impor uma fatura ao mundo ao mundo, causando mortes, doenças e desespero económico. Mas como está o vírus mortal a impactar a pobreza global? Segundo a análise “Como está a covid-19 a mudar o mundo: uma perspectiva estatística”, lançada esta quinta-feira pelo Eurostat, tudo indica que cerca de 40 a 60 milhões de pessoas vão ficar em pobreza extrema e a África Subsaariana pode ser a região mais atingida. Apesar da volatilidade destes tempos, esta análise trabalha os dados mais recentes da pesquisa ‘166 PovcalNet’ (uma ferramenta online do Banco Mundial para estimar a pobreza global) e extrapolar para o futuro usando projeções de crescimento da edição de abril de 2020 do ‘World Economic Outlook’.
Comparar estes números já impactados pela covid-19 com as previsões da edição anterior do ‘World Economic Outlook’ de outubro, permite uma avaliação do impacto da pandemia no mundo pobreza. Ainda que outros fatores também possam influenciar (para pior ou melhor) as perspectivas de crescimento dos países entre outubro e abril, mas, para o Eurostat, é seguro dizer que a maioria das mudanças nas previsões devem-se à covid-19.

Assim, as previsões revelam que a covid-19 deverá causar o primeiro aumento da pobreza global desde 1998, altura do auge da crise financeira asiática. Com as novas previsões, a pobreza global – a parcela da população do mundo a viver com menos de 1,90 dólares por dia –  poderá aumentar de 8,2% em 2019 para 8,6% em 2020, passando de 632 milhões para 665 milhões de pessoas. Estimativas que comparam com a projeção de 8,1% para 7,8% em relação ao mesmo período período, com base nas previsões anteriores do ‘World Economic Outlook’. A pequena mudança de 8,2% para 8,1% para 2019 acontece porque as previsões de crescimento revistas também graças a fatores que não o coronavírus em alguns países. Tendo isto em conta, significa que a covid-19 está a provocar uma mudança nas estimativas do Eurostat para 2020 que apontam para uma taxa de pobreza global de menos 0,7 pontos percentuais (8,6% -8,2%). O que se traduz também na previsão de que a covid-19 empurrará 49 milhões de pessoas para a pobreza extrema em 2020.
Em termos geográficos, as faturas mais pesadas da pandemia dependem principalmente de dois fatores: o impacto da vírus na atividade económica e o número de pessoas a viver perto da linha de pobreza internacional. Segundo as previsões do FMI  as economias avançadas contrairão cerca de 6% em 2020, enquanto os mercados emergentes e em desenvolvimento economias contrairão 1%. No entanto, com mais pessoas a viver perto da linha de pobreza internacional, farão com que os países em desenvolvimento, países de baixa e média performance vão sofrer as maiores consequências em termos de pobreza extrema. Embora a África Subsaariana, até agora, tenha sido atingida relativamente menos pelo vírus, numa perspectiva de saúde, o Eurostat avança que será a região mais atingida em termos de aumento da pobreza extrema, conduzindo 23 milhões de pessoas para a pobreza e 16 milhões no sul da Ásia. Ao analisar o impacto da pandemia em níveis mais altos linhas de pobreza, destaca-se, por exemplo, o número de pessoas que vivem com menos de 3,20 dólares ou 5,50 dólares por dia, e neste cenário, mais de 100 milhões de pessoas serão empurradas para a pobreza extrema (Executive Digest, texto da jornalista Sonia Bexiga)

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