A covid-19 está a
impor uma fatura ao mundo ao mundo, causando mortes, doenças e desespero
económico. Mas como está o vírus mortal a impactar a pobreza global? Segundo a análise
“Como está a covid-19 a mudar o mundo: uma perspectiva estatística”, lançada
esta quinta-feira pelo Eurostat, tudo indica que cerca de 40 a 60 milhões de
pessoas vão ficar em pobreza extrema e a África Subsaariana pode ser a região
mais atingida. Apesar da
volatilidade destes tempos, esta análise trabalha os dados mais recentes da
pesquisa ‘166 PovcalNet’ (uma ferramenta online do Banco Mundial para estimar a
pobreza global) e extrapolar para o futuro usando projeções de crescimento da
edição de abril de 2020 do ‘World Economic Outlook’.
Comparar estes números
já impactados pela covid-19 com as previsões da edição anterior do ‘World
Economic Outlook’ de outubro, permite uma avaliação do impacto da pandemia no
mundo pobreza. Ainda que outros fatores também possam influenciar (para pior ou
melhor) as perspectivas de crescimento dos países entre outubro e abril, mas,
para o Eurostat, é seguro dizer que a maioria das mudanças nas previsões
devem-se à covid-19.
Assim, as
previsões revelam que a covid-19 deverá causar o primeiro aumento da pobreza
global desde 1998, altura do auge da crise financeira asiática. Com as novas
previsões, a pobreza global – a parcela da população do mundo a viver com menos
de 1,90 dólares por dia – poderá
aumentar de 8,2% em 2019 para 8,6% em 2020, passando de 632 milhões para 665 milhões
de pessoas. Estimativas que
comparam com a projeção de 8,1% para 7,8% em relação ao mesmo período período,
com base nas previsões anteriores do ‘World Economic Outlook’. A pequena mudança
de 8,2% para 8,1% para 2019 acontece porque as previsões de crescimento
revistas também graças a fatores que não o coronavírus em alguns países. Tendo
isto em conta, significa que a covid-19 está a provocar uma mudança nas
estimativas do Eurostat para 2020 que apontam para uma taxa de pobreza global
de menos 0,7 pontos percentuais (8,6% -8,2%). O que se traduz também na
previsão de que a covid-19 empurrará 49 milhões de pessoas para a pobreza
extrema em 2020.
Em termos
geográficos, as faturas mais pesadas da pandemia dependem principalmente de
dois fatores: o impacto da vírus na atividade económica e o número de pessoas a
viver perto da linha de pobreza internacional. Segundo as
previsões do FMI as economias avançadas
contrairão cerca de 6% em 2020, enquanto os mercados emergentes e em
desenvolvimento economias contrairão 1%. No entanto, com mais pessoas a viver
perto da linha de pobreza internacional, farão com que os países em
desenvolvimento, países de baixa e média performance vão sofrer as maiores consequências
em termos de pobreza extrema. Embora a África
Subsaariana, até agora, tenha sido atingida relativamente menos pelo vírus,
numa perspectiva de saúde, o Eurostat avança que será a região mais atingida em
termos de aumento da pobreza extrema, conduzindo 23 milhões de pessoas para a
pobreza e 16 milhões no sul da Ásia. Ao analisar o impacto da pandemia em níveis
mais altos linhas de pobreza, destaca-se, por exemplo, o número de pessoas que
vivem com menos de 3,20 dólares ou 5,50 dólares por dia, e neste cenário, mais
de 100 milhões de pessoas serão empurradas para a pobreza extrema (Executive
Digest, texto da jornalista Sonia Bexiga)
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