Não tenho
nada a ver com o grupo de pressão organizado nas redes sociais, e com alguns
ramificações partidárias, que acha que podemos ter o ferry todo o ano
independentemente da sua rentabilização.
Ou seja, se se tratar de um empresário privado, ele terá que ser
obviamente compensado pelos prejuízos - não quantificados - de uma operação que
provavelmente apenas em escassos dois meses de Verão poderá ver atenuadas as
perdas. Se se tratar de impor ao sector público a responsabilidade por garantir
essa ligação marítima, então temos que ter um orçamento regional devidamente
preparado - e não sei se a UE autoriza essa despesa ou não, mesmo tratando se
ilhas, dado que o fenómeno da insularidade, da ultraperiferia e das regiões é
cada vez mais um parente pobre numa Europa descaracterizada, refém de
interesses financeiros e económicos poderosos manipulada pelos grandes e que
têm hoje outras prioridades que há 5 ou 10 anos
eram bem diferentes - para que sejam os contribuintes a suportar
anualmente uma previsível perda de milhares de milhões de euros.
Pessoalmente,
já o disse e repito, o barco até pode ser pintado a ouro que não serei, provavelmente
nunca, um cliente. Gastar 24 ou mais horas de viagem para Portimão, quando
quero ir para Lisboa ou Porto em 1h 30m ou 2 horas, pagando 86 euros, nem dá
que pensar. O mar nunca foi o meu forte, só para nadar. Prefiro o avião, serei
sempre um utilizador do avião. Mas respeito os que têm medo deste meio de
transporte e pressionam para que o barco seja uma realidade (não confundir o
transporte de mercadorias com transporte de passageiros, pois é a esta
componente em concerto que me reporto)
O
problema é que se transferiu hoje para o oportunismo político, para a
manipulação descarada, para a bandalhice e a patifaria de alguns protagonistas,
uma questão que não sendo prioridade para os madeirenses - ao contrário do que
alguns de forma manipuladora e mentirosa tentam fazer crer - acaba por
demonstrar até que ponto a ralé política, a falta de escrúpulos e a nojentice
política de alguns patifes pode descer.
Não troco
o novo Hospital da Madeira pelo ferry, não troco a mobilidade pelo ferry, não
troco uma descida dos juros pagos pela RAM relativamente ao empréstimo que foi
obrigada a contrair em 2011/2012 pelo ferry - o Estado continua a lucrar com os
empréstimos feitos à Madeira dos quais foi avalista mas já queimou com os
bancos falidos mais de 12 mil milhões de euros.
Mas este
caso - para além da ilegalidade criminosa que devia justificar uma reacção
pronta de todos e a intervenção até de MRS e da CNE sem esperar pelo formalismo
de participação num processo que é risível há mais de 30 anos - pode ser bem mais grave do que aparenta - o
governo socialista dos patifes de Lisboa negou sempre apoio financeiro à
Madeira para a operação do ferry, negou sempre autorização para que Lisboa
fosse o porto de destino continental, mas subitamente, caso seja verdadeira a
notícia publicada num jornal, essa mesma corja já diz que arranja dinheiro para
que a bandalhice socialista local, cada vez mais esfomeada de poder, use o
ferry como instrumento de caça ao voto e de pressão vergonhosa sobre o
eleitorado.
Pode ser
bem mais grave, porque pode esconder relações promiscuas - cuja "linha de
vida" é facilmente identificável.... - entre determinados grupos locais,
monopolistas e constantemente criticados na praça pública por causa disso (hoje
tudo mudou no caso do PS e de outros partidos da esquerda....) porque há
parcerias já acordadas e negociadas que nem dizem respeito apenas à Madeira.
Aliás, lembro que um dos mais influentes assessores de Cafofo para a área
económica saiu do grupo Sousa para a campanha do PS sendo por isso um conhecedor
profundo desta temática, incluindo da exploração da linha do Porto Santo e de
tudo o que se passou mais asqueroso e repugnante (a que se juntam graves erros
políticos e submissões estranhas na altura...) quando o Armas operou nesta
linha da Madeira.
O que o
GRM deve fazer, porque tem agora essa obrigação, é divulgar toda a documentação
trocada com os patifes de Lisboa sobre este assunto, informar quais os custos
desta operação que foram suportados pela RAM,
porque o que nos faltava é que depois deste descaramento vergonhoso,
ficasse também a dúvida sobre o real comportamento da RAM neste processo da
contratação de um ferry nos meses de Verão. E é disso que fico à espera porque
é essa a exigência das pessoas (LFM)
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