sábado, agosto 23, 2014

Dívida directa do Estado volta a aumentar em Julho deste ano

Li no Jornal I que "um dia depois de conhecidos os dados do Banco de Portugal relativos a Junho, e segundo os quais a dívida pública atingiu 134% do Produto Interno Bruto (PIB), o relatório mensal do IGCP revela que a dívida directa do Estado continuou a subir em Julho. Entre Junho e Julho, a dívida bruta cresceu mais 2 869 milhões de euros, situando-se no final do mês em 215,7 mil milhões. Desde o início do ano, a dívida bruta do Estado, que não desconta os próprios depósitos do Estado, subiu quase 6%, o equivalente a 11,5 mil milhões. Só houve descida em dois meses. Os números da Agência de Gestão da Tesouraria e Dívida Pública não são directamente comparáveis com os dados do Banco de Portugal. O banco central faz as contas à dívida pública na óptica de Maastricht que inclui todas as entidades, designadamente empresas, que estão no perímetro das contas públicas. Foi esta dívida que atingiu os 134% do Produto Interno Bruto em Junho, afastando-se cada vez mais das mais recentes metas do governo e da troika para este ano e que eram de 130% do PIB. O Banco de Portugal divulga ainda o valor desta dívida líquida de depósitos, ou seja, sem considerar os saldos que constituem a almofada financeira do Estado. Em Junho, esse montante rondava os 19 mil milhões de euros, incluindo o que restava do fundo de recapitalização da banca, no valor de 6,4 mil milhões de euros. Nos primeiros dias de Agosto, o Estado usou 3 900 milhões de euros deste fundo para recapitalizar o Novo Banco, que resultou do resgate do BES. A operação, que ainda não aparece na estatística do endividamento público, deverá ter impacto ao nível da almofada da liquidez do Estado, que encolhe, mas não irá directamente aos números globais da dívida pública. O IGCP estará a planear emitir títulos a 15 anos a seguir ao Verão, para repor o pré-financiamento de 2015, aproveitando o momento favorável dos mercados. Já o efeito do resgate do BES sobre o défice público, tal depende de quando for saldado o empréstimo do Estado ao Fundo de Resolução da banca, que é o accionista do Novo Banco. Este reembolso depende por seu turno da venda da instituição.
CERTIFICADOS DISPARAM
As estatísticas do IGCP mostram ainda a aceleração na corrida aos produtos de aforro do Estado no mês marcado pelo colapso do BES. Em Julho, o investimento líquido dos particulares em certificados de aforro e do tesouro disparou para 587 milhões de euros, o que não será uma coincidência perante a fuga de clientes e depósitos do BES. Apesar de os certificados do Tesouro continuarem a captar mais aplicações, o aumento de procura por certificados de aforro é mais significativo face à evolução do produto nos últimos anos. Desde o início do ano, as subscrições líquidas dos certificados ascenderam a mais de 2400 milhões de euros, estando quase a atingir o objectivo fixado para todo o ano"