quarta-feira, agosto 27, 2014

União Europeia: Suécia pode ser o país que se segue a entrar em crise

Li no JornaI I que "a menos de um mês das próximas eleições legislativas na Suécia, a principal preocupação dos partidos é conseguirem travar o fluxo do crédito, que pode ser o calcanhar de Aquiles de um país que ainda mantém o rating máximo de AAA dado pelas agências Fitch e S&P. Segundo um artigo publicado ontem pela Reuters, quatro em cada 10 pessoas que compraram uma casa através de crédito bancário não estão a conseguir pagar a sua dívida e as que estão a conseguir fazê-lo vão demorar quase um século a amortizar o capital. O preço dos imóveis no país quase triplicou em apenas duas décadas. Em Julho, os preços das casas subiram a um ritmo de dois dígitos comparativamente com o mesmo mês do ano passado, o que acontece pela primeira vez em mais de quatro anos. O FMI já alertou para a instabilidade financeira na Suécia, manifestando-se cada vez mais preocupado, e até pediu ao governo que aprove urgentemente um conjunto abrangente de medidas macro prudenciais para moderar o crescimento da dívida hipotecária. Outro alerta veio do prémio Nobel da Economia Paul Krugman, que num artigo de opinião recente defendeu que o país tem muito provavelmente uma bolha imobiliária de dimensão significativa. Com um rácio da dívida hipotecária acima dos 170% - um dos mais altos da Europa - e com tendência para continuar a aumentar, o problema também preocupa o banco central, que continua a manter as taxas de juro a um nível elevado quando comparadas com a inflação, embora estejam em mínimos históricos.
SEGUNDA BOLHA
Um dos principais receios é que o consumo privado - que representa quase metade do PIB sueco - contraia se as taxas de juro subirem ainda mais, ou que o preço dos imóveis caia de repente, o que levaria a economia sueca a passar por problemas idênticos aos que que aconteceram na Irlanda e obrigaram à intervenção da troika. Os suecos conhecem bem o impacto do rebentamento de uma bolha imobiliária. Nos anos 80, e na sequência de uma desregulamentação financeira, houve um boom na venda de imóveis comerciais que acabou numa desvalorizarão de quase dois terços em 1992 e levou à nacionalização de dois bancos. O país entrou em recessão durante três anos e teve de implementar um programa de austeridade difícil para conseguir reduzir o enorme défice orçamental. Os economistas estão agora a pedir medidas preventivas, que podem passar por um corte nas deduções fiscais na compra de habitação própria, embora se trate de um tema delicado antes das próximas eleições legislativas, marcadas para 14 de Setembro. Os impostos sobre os imóveis na Suécia em percentagem do produto interno bruto são dos mais baixos de todos os países da OCDE e  representam apenas um terço dos que são praticados nos Estados Unidos".