Segundo o site da RTP, "Vítor Gaspar (na foto do Expresso com o ministro das finanças da Irlanda), disse hoje em Bruxelas que a extensão dos prazos para os pagamentos dos empréstimos a Portugal e Irlanda será certamente inferior a 15 anos, acrescentando que basta uma solução "mais modesta". O ministro das Finanças de Portugal comentou que a possível extensão por 15 anos antecipada na véspera pelo seu homólogo irlandês é apenas "uma posição negocial, e não uma previsão do que será o resultado dessa negociação", sendo mesmo inconcebível. Na segunda-feira o ministro irlandês das Finanças, Michael Noonan, tinha afirmado que Dublin gostaria de obter a duplicação do prazo médio de pagamento dos empréstimos de 15 para 30 anos, mas Vítor Gaspar considera essa pretensão irrealista. Para o ministro português, o importante é "favorecer as condições que permitam o próximo passo" no processo de regresso pleno aos mercados de obrigações, designadamente a emissão bem sucedida de uma emissão a 10 anos.
Gaspar: "15 anos não é um resultado que seja concebível"
Gaspar considerou mesmo que "15 anos não é um resultado que seja concebível no final desta negociação", não sendo sequer necessário que a extensão seja tão longa, pois "são possíveis soluções mais modestas" para conseguir o objetivo de "alisar as concentrações de amortizações de dívida". Gaspar falava no final de uma reunião dos ministros das Finanças da União Europeia (Ecofin), na qual os 27 chegaram a um acordo de princípio sobre o prolongamento das maturidades dos empréstimos, solicitado por Lisboa e Dublin. O ministro português das Finanças disse que o que está agora sobre a mesa é "um mandato para a 'troika', que irá analisar as condições necessárias para assegurar uma saída bem sucedida do programa".
Acordo será possível em abril
Vítor Gaspar salientou ainda que o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, e o comissário europeu dos Assuntos Económicos, Olli Rehn, "conjeturaram que poderá ser possível" chegar a uma decisão já no conselho informal de ministros das Finanças da UE a 12 e 13 de abril em Dublin. "Isso seria um excelente resultado", disse Gaspar, que fez questão de agradecer aos seus parceiros o "apoio politico generalizado" concedido a Portugal e Irlanda."O apoio político dos nossos parceiros europeus tem uma grande importância para nós e dá-nos garantias de proteção contra riscos na evolução da economia europeia e mundial, sendo que estes mecanismos de seguro e proteção estão dependentes do nosso cumprimento das condições acordadas com os nossos credores internacionais", apontou.
Gaspar diz que não está preocupado com questões de popularidade
Questionado pelos jornalistas presentes sobre as manifestaçãoes do ultimo sábado, Gaspar afirmou não ter "qualquer espécie de preocupação particular com questões de popularidade"."A mensagem que eu penso que é crucial dar a todos os portugueses, aqueles que se manifestaram e aqueles que não se manifestaram, é que ontem, no Eurogrupo e hoje, no Ecofin, Portugal beneficiou de uma forte mensagem de confiança por parte dos parceiros europeus", afirmou Vítor Gaspar. O ministro das Finanças acrescentou que os restantes Estados-membros "estão confiantes de que o processo de ajustamento português será bem-sucedido e que, consequentemente, todos os esforços e os sacrifícios que têm sido feitos pelos portugueses vão ter uma razão de ser e vão ser bem-sucedidos".