Segundo o DN de Lisboa, "ainda ficou longe das 24 horas e 18 minutos de Strom Thurmond, mas o senador republicano Rand Paul protagonizou o mais longo bloqueio (filibuster) dos últimos anos no Senado dos EUA, com um discurso de quase 13 horas sobre os perigos dos ataques com drones contra americanos em solo nacional. De pé, diante de um hemiciclo quase vazio, Rand Paul, o filho do ex-candidato presidencial Ron Paul e espécie de herói da ala libertária dos republicanos, protestou durante quase 13 horas contra a falta de transparência da Administração de Barack Obama em torno do uso de drones em território americano. Mas o objetivo não era só esse: o discurso de Paul pretendia adiar a votação para a confirmação de John Brennan como diretor da CIA. Uma manobra conhecida como filibuster, em que um eleito discursa de forma ininterrupta durante várias horas. O recorde desta maratona verbal pertence a Strom Thurmond, que em 1957 defendeu a segregação racial durante 24 horas e 18 minutos. De acordo com as regras desta instituição, um senador pode manter a palavra até cair de exaustão, mesmo que os restantes 99 senadores desejem interrompê-lo. Eram 11:47 da manhã de quarta-feira em Washington (mais cinco horas em Lisboa) quando Rand Paul começou a falar. Ao fim de cinco horas, o líder da maioria democrata, Harry Reid, tentou a primeira interrupção, sugerindo mais 90 minutos de debate e depois a votação. "Ojeção!", respondeu Harry Reid. "Continuamos amanhã", prosseguiu Reid. Mas Rand não se calou e explicou: "Estou aqui para chamar a atenção para um princípio constitucional, para levar a administração a admitir publicamente que matou americanos que não são combatentes", prosseguiu Rand Paul, cuja maratona verbal se tornou num sucesso no Twitter e Youtube. Armado de dossiers e outros documentos, Rand Paul ia recebendo alimentos dos outros senadores republicanos. Às 00:39 (5:39 desta madrugada em Lisboa) acabou por ser a bexiga a levar a melhor sobre Paul. "Ficaria aqui mais 12 horas para tentar bater o recorde de Strom Thurmond, mas descobri que há limites ao filibuster e dentro de alguns minutos vou ter de tratar de um deles", brincou, sob os aplausos. E aos jornalistas que o aguardavam à porta da casa de banho do Senado, confessou: "Doem-me as pernas, doem-me os pés, dói-me tudo".
