sábado, março 02, 2013

O que mudou na economia em 6 meses

Segundo o Dinheiro Vivo, “o movimento “Que se lixe a Troika” realizou a primeira grande manifestação no dia 15 de setembro do ano passado. Ficou para a história pela sua dimensão, sobretudo em Lisboa, e também pelo facto de aparentemente ter contribuído para que o Governo tivesse recuado em toda a linha na sua intenção de aumentar a Taxa Social Única (TSU) dos trabalhadores e baixar a dos patrões. Em outubro, o Governo estimava que a economia caísse 1% e que o desemprego iria ficar em 16,4% em 2013. As manifestações que se realizam amanhã em mais de 30 cidades ocorrem quase seis meses após as primeiras, mas este meio ano foi fértil em previsões económicas alteradas e oscilações nas medidas governamentais anunciadas. Dias antes da manifestação de 15 de setembro, Passos Coelho tinha anunciado que os trabalhadores tanto do setor público como do setor privado passariam a estar sujeitos a uma taxa de contribuição para a Segurança Social de 18%, o que representava um aumento de 7%. Os patrões, pelo contrário, reduziriam a sua TSU de 23 para 18%. Este anúncio só terá contribuído para o avolumar das manifestações e acabou por não ver a luz do dia. Em meados de outubro, os portugueses ficaram a conhecer as novas medidas de austeridade incluídas no Orçamento do Estado (OE) para 2013. Entre as muitas medidas tomadas, destaque para a redução de oito para cinco escalões de IRS e aplicação de uma sobretaxa de 4% em sede de IRS. No mesmo mês, um manto de incerteza foi lançado sobre a função pública. O Governo disse que esperava ter menos 40 mil funcionários públicos daqui a dois anos. O número era apontado pelo gabinete de Vítor Gaspar na sequência de declarações feitas pelo secretário de Estado da Administração Pública. Este número acabou por ser relativizado, se não mesmo desmentido, algum tempo depois. O ano de 2013 ainda pode reservar algumas surpresas. A primeira aconteceu recentemente com a duplicação do número previsto para o PIB (-2% e não -1%), admitindo o ministro das Finanças que o desemprego deverá crescer acima dos 16,4% estimados em outubro. Nessa altura, Vítor Gaspar admitiu que ter mais tempo para colocar o défice abaixo dos 3% e para cortar de forma permanente a despesa seria algo de positivo para Portugal. Uma viragem no discurso que não passou despercebida, sem esquecer que Portugal está igualmente a tentar uma extensão das maturidades dos empréstimos da troika, aproximando-as das concedidas à Grécia. Em dezembro, Gaspar sublinhava que "Portugal não é a Grécia", mas está agora a tentar junto de Bruxelas e do Eurogrupo condições semelhantes. Há pouco mais de uma semana, o secretário de Estado das Finanças, Manuel Rodrigues, admitiu que o Governo terá de fazer um orçamento retificativo para incluir as medidas adicionais de corte na despesa cuja aplicação estará a ser estudada com a troika na sétima avaliação. Serão alegadamente medidas de 800 milhões de euros de um pacote de cortes na despesa avaliado em 4000 milhões. De concreto, nada se sabe sobre os cortes”.