Garante a RTP, num texto do jornalista António Carneiro, que “a participação do BCE na troika está ser contestada no seio da instituição chefiada por Mario Draghi. Dois jornais alemães dão conta do descontentamento de alguns elementos do Banco Central Europeu com o que consideram ser a crescente politização do banco e a perda de independência e distanciamento que isto acarreta. Algumas vozes defendem mesmo que o regulador europeu devia abandonar por completo a Troika, que também inclui a Comissão Europeia e o FMI. O diário conservador Die Welt e o jornal liberal Suddeutsche Zeitung escrevem esta segunda-feira que alguns membros do BCE estão preocupados com a possibilidade de a participação continuada nos programas de ajustamento da Zona Euro vir a criar um conflito de interesses e a comprometer a independência do regulador bancário europeu .“O nível de desconforto atingiu um nível tal que alguns membros importantes do BCE estão a ponderar o cenário de deixar por completo a troika”, escreve o Die Welt, citando uma fonte que não identifica.
Perda de independência "assusta" elementos do BCE
Uma fonte governamental em Berlim citada pelo Die Welt diz que há duas razões principais que justificam estas preocupações: A primeira delas é que muitos dirigentes políticos europeus já começam a considerar como um dado adquirido que o BCE tomará parte nos resgates aos países em dificuldades fazendo uso do seu próprio capital. A segunda razão prende-se com o cada vez maior envolvimento do BCE na política, seja através da influência que o banco exerce nos países resgatados através da Troika , seja pelo facto inverso de as decisões políticas, que impõem ajustamentos gigantescos aos países visados, acabaram por influenciar as decisões do regulador europeu que deveria estar acima de outras considerações que não fossem estritamente monetárias.
"O pilar mais estável"
Uma fonte do BCE citada pelo Suddeutsche Zeitung diz que “o problema é real, mas nós só temos um papel de conselheiros na troika e não um papel decisório. Os programas são assinados pela Comissão [Europeia] e pelo FMI”. Em teoria o argumento é verdadeiro mas, neste caso, o conselheiro é também a pedra basilar que garante a credibilidade do programa resgate. Se o BCE saísse a troika ficaria privada “do seu pilar mais estável”, escreve o jornal sediado em Munique”.