terça-feira, outubro 04, 2011

Empresas públicas gastam mil milhões de euros em juros por ano

Escreve o Jornal I, num texto do jornalista Filipe Paiva Cardoso que “o sector empresarial do Estado (SEE) gastou no ano passado mil milhões de euros (0,6% do produto interno bruto) em juros, dos quais 365,1 milhões foram cobrados a apenas seis empresas: Parque Escolar, Estradas de Portugal, Refer, Metro de Lisboa, RTP e Metro do Porto. Só estas empresas acumulam uma dívida de 15,5 mil milhões de euros – 9% do produto interno bruto –, quase metade da dívida total das empresas públicas, que no final de 2010 ascendia a 32,4 mil milhões de euros (18,8% do PIB). As contas aos gastos das empresas públicas com juros foram publicadas pela Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO). A dívida destas empresas é um dos riscos apontados pela UTAO quanto à necessidade portuguesa de pedir um segundo empréstimo. “O montante total do programa [da troika] foi considerado adequado até ao momento, tendo sido identificados alguns riscos que colocam uma pressão adicional sobre as necessidades de financiamento ainda para este ano, nomeadamente: as necessidades de tesouraria do SEE – nas quais se inclui a renovação de dívida de 3,5 mil milhões de euros entre Agosto e Dezembro, alguma da qual garantida pelo Estado”, diz a UTAO na nota de Setembro. Ainda segundo as contas desta unidade, e face a 2009, a dívida do sector empresarial do Estado “cresceu 3,1 mil milhões de euros”, especialmente graças às empresas que “foram excepcionadas do cumprimento” do limite de 7% para o aumento do endividamento em 2010. Estas empresas-excepção – Parpública, Águas de Portugal, Empordef, Administração dos Portos de Douro e Leixões, RAVE e Empresa de Desenvolvimento Mineiro – aumentaram a sua dívida em mais dois mil milhões de euros (+22,7% face a 2009), tendo as restantes assumido novos encargos de 1,1 mil milhões (+5,5%). Mas, se na soma total o crescimento da dívida das empresas proibidas de furar os 7% ficou abaixo desse limite, individualmente o quadro é diferente. Estradas de Portugal, Transtejo e Refer furaram todos os limites e não foi por pouco: a dívida destas empresas cresceu 33%, 18% e 9%, respectivamente. Todas estas dívidas representam um risco latente sobre as contas públicas, conforme lembra a UTAO. O défice e a dívida do Estado podem ser afectados com a execução de garantias – o SEE conta com 4,7 mil milhões em dívida garantida pelo Estado –, injecções de capital capital para que estas empresas tenham tesouraria ou através da concessão de mais empréstimos".

Sem comentários: