quarta-feira, outubro 05, 2011

Berardo (ainda) sem dinheiro para novo Savoy Madeira

Segundo o Jornal I, num texto da jornalista Isabel Tavares, "vou lá fora negociar com fundos de investimento internacionais." Esta é a última esperança do empresário madeirense, que explica ao i porque nunca quis vender as acções do BCP. O comendador Joe Berardo está à procura de um financiamento de 80 milhões de euros para avançar com a construção do Hotel Savoy na Madeira, cujas obras estão paradas desde o início do ano. Será uma alternativa à solução anteriormente negociada com a banca e que deixou de ser possível devido às novas regras de concessão de créditos impostas pela troika e pelo Banco de Portugal. Berardo quer um empréstimo a dez anos, como estava inicialmente previsto, e não a dois, como lhe era agora exigido pelo consórcio financiador. "É que isto não é uma mina de ouro, é um hotel. E as coisas estão difíceis", confessou o empresário, acrescentando que as taxas de ocupação dos dois outros hotéis, o Royal Savoy e o Savoy Gardens, têm sido boas. Até agora a obra a cargo do grupo de construção Casais, que implicou a demolição do emblemático Savoy Classic, com mais de 100 anos, já terá custado perto de 30 milhões de euros. Para já, Berardo diz que quer ver "o que vão dar as eleições" para o novo Governo Regional da Madeira. "É preciso ter paciência. Nós queremos o dinheiro, mas os senhores lá de fora [potenciais investidores] querem saber no que isto vai dar." Mas a história tem mais de uma versão. No início do mês, o cabeça-de-lista do Partido Trabalhista Português (PTP), José Manuel Coelho, decidiu chamar a atenção para as obras paradas e, simbolicamente, "inaugurou" o novo Hotel Savoy, com direito a discurso, corte de fita e até aplausos (mas poucos). Para o político, as obras estão paradas por uma dívida de 32 milhões de euros da Fundação Social-Democrata ao Banif. "Depois da morte de Horácio Roque este projecto foi por água a baixo, por ordem das duas filhas do senhor comendador, porque o Dr. Alberto João Jardim deve uma pipa de massa ao Banif. Elas sabem que estão a arder com 32 milhões de euros que foram a reboque do senhor António Candelária para o Brasil", acusou o candidato do PTP, citado pelo "Diário de Notícias do Funchal". O novo Savoy Classic está integrado no grupo SIET-Savoy, liderado pelos empresários Joe Berardo e Horácio Roque em partes iguais (50%-50%). O hotel representa um investimento total de cerca de 170 milhões de euros e prevê uma área de edificação com 65 mil metros quadrados. CMVM vs. ex-gestores BCP Ontem decorreu no Campus de Justiça em Lisboa mais uma audiência relativa ao processo da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários contra os ex-administradores do BCP, acusados de manipulação de mercado.Um dos antigos presidentes da instituição, Filipe Pinhal, contou que os supervisores nunca perguntaram quem foi o responsável do banco que deu ordens de compra de títulos do BCP em nome das offshores. "Teve de haver no BCP alguém que tomou a decisão de comprar títulos de qualquer natureza, fossem da Sonae, do BPI ou da EDP. Quem decidiu comprar acções do BCP eu não sei, nem tinha de saber porque não era a minha responsabilidade. O que acho é que, quer o Banco de Portugal, quer a CMVM, nunca perguntaram quem foi essa pessoa", disse. A este propósito, Berardo afirma que não tem nada contra as pessoas que estavam à frente do BCP, por quem tem todo o respeito. "Não confundo relações institucionais com relações pessoais", explica. Quanto a não ter vendido a sua posição no BCP quando Filipe Pinhal o informou que teria um comprador, Berardo diz que se o tivesse feito "teria de emigrar. É que vários empregados das suas empresas, "incluindo a Metalgest, têm acções do BCP". "O que é que eles iam pensar se eu vendesse as minhas acções e os deixasse com as deles?!" Mais, sobre quem diz que Berardo agiu por pressão do governo Sócrates, o empresário responde: "Coloquei uma acção contra os gestores do BCP no valor de mais de mil milhões de euros. Acha que Sócrates ou quem quer que seja me ia influenciar?" Sobre o buraco descoberto nas contas da Madeira, Berardo diz que não compreende como é possível afirmar que é necessário falar a uma só voz e depois o primeiro-ministro Passos Coelho vir publicamente condenar uma situação que ainda está em fase de inquérito. "E eu não sou PSD, sou independente, e só votei uma vez na vida e foi em Alberto João Jardim porque diziam que era importante combater Sócrates”.

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