quarta-feira, outubro 19, 2011

Atrasos nos pagamentos causam perda 72 mil empregos entre 2006 e 2011

Escreve o Jornal I que "os atrasos nos pagamentos entre empresas em Portugal agravou-se nos últimos cinco anos, provocando a perda de 72 mil empregos e desaceleração no investimento e crescimento económico, avança um estudo da Associação Cristã de Empresários e Gestores (ACEGE). "Os atrasos nos pagamentos/recebimentos provocam uma desaceleração efetiva nos ciclos de investimento e crescimento económico", sublinha o estudo "Compromisso de pagamento no prazo acordado - Uma cultura de pagamentos atempados", hoje divulgado no Porto. Segundo o documento, enquanto que em 2006 a média dos prazos de pagamento/recebimento correspondia a 68 dias, em 2011, a média dos prazos de pagamento/recebimento aumentou para 80 dias, o que significa em termos acumulados mais 12 dias para por em ordem os pagamentos. Trata-se de um agravamento que produz desde logo impactos na economia portuguesa, representando "um desvio de capital disponível da função investimento para a função de apoio à tesouraria" e "um travão aos ciclos de negócio". O estudo sublinha que o aumento dos atrasos nos pagamentos funcionou como "um retardador da atividade económica e dos negócios" e "elemento de quebra de confiança nas transações entre empresas". O resultado em termos acumulados globais de 2006 a 2011 traduzem-se em menos cerca de 72 mil empregos, na quebra de cerca 2,9 mil milhões de euros no Valor Acrescentado Bruto (VAB), correspondendo a 2 por cento do PIB, e na diminuição de cerca 13,3 mil milhões de euros no Valor Bruto de Produção da economia. Em termos anuais, os impactos cifram-se na diminuição de mais de 14 mil empregos, na redução de cerca de 600 milhões de euros na riqueza criada (0,4 por cento do PIB) e na quebra em termos de no Valor Bruto de Produção de cerca de 2,7 mil milhões de euros. "Os efeitos do alargamento nos prazos de pagamento a nível empresarial geram repercussões nas principais variáveis macroeconómicas, que por sua vez agravam ainda mais os prazos de pagamento, gerando-se assim um ciclo vicioso", alerta. O estudo da ACEGE sublinha que a aplicação imediata da diretiva europeia, segundo a qual os prazos de pagamento/recebimento não devem exceder os 60 dias, teria uma "forte repercussão" na economia portuguesa em apenas um ano. Entre os impactos positivos destaca-se a criação de 120 mil postos de trabalho, aumento do VAB em 4,8 mil milhões de euros, representando 3,24 por cento do PIB, e a subida do Valor Bruto de Produção em 22 mil milhões de euros. "A melhoria imposta dos prazos médios de recebimento e de pagamento em resultado da aplicação desta nova diretiva, cifrada, em termos acumulados, em 20 dias (descida dos 80 dias atuais de média de pagamento das transações comerciais para os 60 dias), funcionaria como um acelerador da atividade económica", salienta”.

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