quarta-feira, maio 25, 2011

Não entendi

Há uma coisa que não entendi nesta deslocação do Bastonário da Ordem dos Médicos à Madeira, apesar de continuar convencido que existem condições - e que elas devem ser construídas - para que a Região e a Ordem dos Médicos ultrapassem rapidamente tempos conturbados de má memória que penalizaram a Madeira e continuam a prejudicar mais de 60 médicos que, de uma maneira ou de outra (ano comum, internato da especialidade, etc), continuam desde Janeiro deste ano privados de exercerem a sua actividade na Madeira que continua a ser uma das que apresenta em termos nacionais um dos piores "rácios" de cobertura médicos/população. Continuo a olhar para o novo bastonário, José Manuel Silva, médico, especialista em Medicina Interna, e não sou capaz de confundir a sua pessoa e a sua intenção em relação à Madeira e à rápida solução de situações vergonhosas que não dignificam ninguém, com tempos idos de tão má memória que que ajudaram a que fosse criada uma falsa imagem de bandalheira e incompetência nos serviços médicos e hospitalares da Madeira. Acredito igualmente na isenção e no distanciamento face a "lobbies" ou grupos de pressão e/ou de interesses, por parte da secção regional da Ordem dos Médicos, que no âmbito das suas funções deve manter-se distante, recomendo eu, dos conflitos e de situações que, estando entregues à justiça, não podem, nem devem ser trazidas para a praça pública. Mas estranhei as declarações do bastonário, pelas seguintes razões:

- não separou devidamente, e devia tê-lo feito, o processo em curso de avaliação dos serviços hospitalares, com vista à recuperação da sua idoneidade formativa, indevida e criminosamente retirada, por razões e motivações de todos conhecidas, do que se passa na ortopedia;

- dramatizar a eventual perda da idoneidade formativa do serviço de ortopedia, o que a acontecer, tem culpados que não são apenas o SESARAM, como de forma inadequada se pretendeu insinuar, já que não isenta a postura dos próprios médicos que lá trabalham e a instabilidade que caracteriza este serviço;

- não se ter demarcado da sistemática oposição corporativista contra qualquer director de serviços de Ortopedia nomeado nos termos da lei, já que continua a existir a tentativa de impor à entidade que tem o poder de nomeação, a "obrigação" de escolher quem os "seniores" querem, um entre eles, até que as divergências entre eles voltem a gerar instabilidade;

- não clarificou de forma inequívoca que esta instabilidade - que não acredito seja dignificante para o Hospital Nélio Mendonça e que seja bem vista pelos médicos madeirenses, cuja competência profissional ninguém tem a moral nem a categoria de pôr em causa - não pode originar qualquer forma de "vendetta" como aconteceu anteriormente;

- finalmente, e sem questionar a competência profissional da pessoa em questão, porque não me compete nem me atreveria a semelhante coisa, envolver-se em questões que ultrapassam a competência da Ordem como a de se pronunciar sobre a contratação ou não, pelos serviços públicos, de determinada(s) pessoa(s), quando me parece tratar-se de questão que diz respeito a esses serviços e eventualmente mais abrangida pela actividade sindical.

De uma maneira geral, acredito que o bom senso imperará, que nem o Governo Regional nem a Ordem dos Médicos, particularmente Alberto João Jardim e José Manuel Silva, deixarão que a situação descambe e que voltemos, o que seria triste, lamentável e desprestigiante, a situações recentes, das quais ainda sofremos as consequências. Basta que pense nos tais 60 ou mais jovens médicos madeirenses que estão neste momento fora da Região e nas respectivas famílias, e nos prejuízos que esta situação lhes tem causado.

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