segunda-feira, maio 30, 2011

Governador do Banco de Portugal: "É preciso reformas estruturais que rompam com o ‘ancien régime’"

Segundo o jornalista do Económico, António Freitas de Sousa, “o governador do Banco de Portugal alertou para a necessidade de reformas estruturais da economia portuguesa. O Governador do Banco de Portugal, Carlos Costa alertou - esta tarde no Porto - para aquilo que considera ser a maior preocupação da economia portuguesa: a capacidade de incorporar as medidas impostas pela troika que vão no sentido de resolver os problemas estruturais do país. "É muito mais fácil conseguir o reequilíbrio orçamental e a estabilidade financeira" que fazer avançar as reformas estruturais "que rompam com o 'ancien régime'", como lhe chamou. Carlos Costa alertou para que parte substancial das 251 medidas propostas pela 'troika' - que são o 'road bock' da economia portuguesa nos próximos anos - vão precisamente no sentido das reformas estruturais e não da "cosmética" que foi possível noutras alturas - nomeadamente em 1978 e 1983, quando o FMI também foi chamado a Portugal - é que tinham a ver, entre outras medidas, com a célebre "desvalorização do escudo" Aliás, disse, como essas cosméticas passageiras já não estão ao alcance da economia portuguesa, a única hipótese de o país sair da crise em que se encontra é precisamente apostar nas reformas estruturais. E essas reformas, adiantou, só podem ir no sentido do crescimento sustentável - aquilo a que chamou o grande desafio de médio prazo. Crescimento esse, especificou, que deve ser apontado por quatro balizas: aumento do valor da produção; criação de emprego; equilíbrio das contas externas; e das finanças públicas. Nesse quadro, só uma deriva sustentada para a produção de bens transaccionáveis (e exportáveis) poderá contribuir globalmente para o crescimento sustentável. Mas, recordou, os nossos concorrentes também conhecem esta solução e não vão ficar parados a olhar para um eventual crescimento de Portugal. De qualquer modo, Carlos Costa recordou que a situação vivida no início do milénio pela economia portuguesa - o acesso internacional a financiamento muito barato (patrocinado pela criação da União Económica e Monetária - nunca mais vai ocorrer. A altura "em que na Europa fomos todos alemães" nunca mais sucederá. Para o país se aproximar o mais possível desse sonho que já não volta, a única hipótese é "voltar a ganhar a confiança dos investidores, que são também os nossos credores”.

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