terça-feira, maio 31, 2011

Metade do dinheiro vem já este ano e troika quer resultados rápidos

Segundo o Jornal I, num texto do jornalista Bruno Faria Lopes, "a derrapagem na execução do plano de austeridade grego e o facto de Portugal (em campanha eleitoral) receber cerca de metade do empréstimo externo de 78 mil milhões de euros ainda este ano motivaram a União Europeia a apertar alguns prazos no cumprimento das metas impostas a Portugal pela troika. O país receberá 12 mil milhões de euros até amanhã e um total de 37,9 mil milhões de euros até ao final do ano, cerca de 49% do empréstimo (57% se excluirmos a parte disponível para a banca) - o peso logo no primeiro ano deve-se às maiores necessidade de financiamento do Estado, entre défice orçamental e amortizações de dívida. O aperto "intencional" nos prazos - uma expressão de uma fonte comunitária citada ontem pela SIC - está associado a esta concentração do financiamento já em 2011, apurou o i, bem como à necessidade de justificar o impopular empréstimo às sociedades do Norte da Europa. O adiantamento de alguns prazos - numa agenda já muito carregada - coloca uma pressão extraordinária sobre o arranque da próxima legislatura. Há já sinais claros de que o actual governo suspendeu todas as decisões políticas até às eleições, algumas das quais exigem decretos-lei. Esse compasso de espera pode por em causa o cumprimento dos calendários mais apertados: um exemplo é a privatização do BPN. O processo terá de ficar concluído até final de Julho, mas sem um novo decreto não pode sequer arrancar do ponto de vista formal. A SIC noticiou ontem ao final do dia que existe "grande preocupação" junto de alguns elementos da troika sobre o risco de Portugal não cumprir as primeiras metas, com atrasos no trabalho técnico de preparação para a execução do acordo. As propostas do novo Governo para a alteração da Taxa Social única, do Código laboral e da situação financeira das empresas públicas têm de estar prontas até ao fim do mês de Julho. O canal de televisão citou um "alto responsável" que participou nas negociações com a Comissão Europeia e o FMI. Face a esta pressão adicional, o comissário europeu Olli Rehn negou ao final do dia que existisse tal grau de preocupação. Técnicos da troika estiveram ontem em Portugal para várias reuniões com contrapartes portuguesas, para acompanhar os trabalhos. Segundo apurou o i junto de duas fontes que participaram em várias reuniões, não houve manifestação de receios ou dúvidas, mas um acompanhamento do ritmo dos trabalhos técnicos de preparação das medidas que terão de ser tomadas ainda em Junho, logo após a tomada de posse do novo governo. Novo pacote para a Grécia Com a Grécia muito perto de ficar sem dinheiro para cumprir os seus compromissos, a União Europeia estará a acelerar o desenho de um novo empréstimo, noticiou ontem a Reuters, citando fontes comunitárias. Este novo pacote deverá chegar a 65 mil milhões de euros e implicar um nível de intervenção externa sem precedentes na política orçamental grega. O jornal britânico Financial Times noticiou ontem que além das privatizações, haverá intervenção técnica também na cobrança de impostos, um dos pontos mais sensíveis da política orçamental de um país. Mais medidas de austeridade estão, também, na calha. Fora dos planos - pelo menos por enquanto - está uma reestruturação dura da dívida grega. Em Atenas ainda não há um acordo político sobre eventuais novas medidas impostas a partir de fora. Apesar de o governo socialista de George Papandreou ter mais três anos de mandato pela frente, a União Europeia está a exigir um compromisso político amplo sobre as novas e impopulares medidas de austeridade. O problema é que, por enquanto, esse apoio interno não está confirmado. A oposição conservadora, liderada por Antonis Samaras, exige uma descida dos impostos como condição para viabilizar um novo pacote de austeridade - uma medida que iria agravar o buraco orçamental grego e que dificilmente será possível".

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