Presidente da República chega aos 72% de avaliações positivas e primeiro-ministro aos 61%, de acordo com o barómetro da Aximage para o JN, DN e TSF. Partilham um património comum de apoio entre as mulheres, os mais velhos e pobres, mas sobretudo entre os eleitores socialistas. O mês de março foi generoso para Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa. A popularidade do presidente (72% de avaliações positivas) está a crescer desde dezembro. Quanto ao primeiro-ministro, deixa para trás as contrariedades na gestão da pandemia e chega aos 61%, o melhor resultado desde julho do ano passado, de acordo com a sondagem da Aximage para o JN, o DN e a TSF. As mulheres, os mais velhos, os mais pobres e os eleitores socialistas são as âncoras em que assenta a popularidade dos dois políticos.
Marcelo e Costa partem de um patamar bastante elevado, no momento em que protagonizam um braço de ferro político e jurídico. A sondagem não mede, no entanto, os efeitos do conflito em torno dos apoios sociais (que uma "coligação negativa" aprovou no Parlamento, que o presidente promulgou, e que o primeiro-ministro contesta no Tribunal Constitucional), uma vez que o trabalho de campo decorreu ainda antes da tempestade (24 a 27 de março).
Marcelo sempre por
cima
O presidente da
República está, como habitualmente, alguns degraus acima do primeiro-ministro.
A exceção é o já distante mês de julho de 2020, em que António Costa conseguiu
uma vantagem de dois pontos nas avaliações positivas. A partir daí, cavou-se
uma diferença entre os dois, com vantagem para Marcelo Rebelo de Sousa - chegou
a ser de 18 pontos percentuais, em novembro passado, e está agora nos 11
pontos.
A vantagem do
presidente é aliás reforçada por dois outros parâmetros do barómetro da
Aximage: quando se pergunta aos portugueses em qual dos dois políticos tem mais
confiança, Marcelo obtém um apoio (52%) que mais do que triplica o de Costa
(15%). Uma proporção que se tem mantido estável, ao abrigo das oscilações de
popularidade de cada um deles. Da mesma forma, é estável e sempre muito elevada
a percentagem de inquiridos que pedem maior exigência de Belém face a S. Bento
(71%).
Costa recupera nos
homens
Apesar desta
popularidade vigiada a partir de Belém, António Costa atravessa um bom momento.
E beneficia da melhoria acentuada dos números da pandemia no mês de março. Não
se trata apenas de crescer na percentagem de avaliações positivas (mais cinco
pontos do que no mês passado), é preciso ter em conta a descida ainda mais
acentuada da percentagem de avaliações negativas (menos sete pontos do que em
fevereiro).
Quando se analisam
os diferentes segmentos da amostra, percebe-se que este aumento de popularidade
do primeiro-ministro de fevereiro para março se deve, quase exclusivamente, aos
homens (uma subida de oito pontos nas avaliações positivas), ainda que eles
continuem a ser mais críticos do que as mulheres. Este desequilíbrio de género,
em que elas demonstram uma maior generosidade, é aliás uma das marcas de água
que Costa partilha com Marcelo. Mas há outras.
Mais velhos e mais
pobres
Entre o património
comum aos dois políticos está o suporte nos cidadãos mais velhos (65 ou mais
anos). No caso de Marcelo, o entusiasmo é avassalador, uma vez que 9 em cada 10
seniores lhe dão nota positiva (no caso de Costa são 7 em 10).
O mesmo sucede
quando o ângulo de análise são as classes sociais: o apreço pelos dois líderes
é tanto maior quanto mais pobres forem os portugueses (o presidente repete o
reconhecimento de 9 em cada 10 inquiridos no escalão mais baixo de
rendimentos).
Finalmente, quando
se dá prioridade à geografia, destaca-se a coincidência de um apoio mais sólido
entre os habitantes das áreas metropolitanas do Porto e de Lisboa. Sendo que na
região da Invicta o presidente chega aos 80% de avaliações positivas (64% para
Costa).
Ancorados nos
socialistas
A partilha
politicamente mais significativa, no entanto, é outra: quando se analisam os
diferentes segmentos partidários, a base de apoio é socialista, tanto no caso
de Costa, como no de Marcelo. O presidente (92% de avaliações positivas)
consegue, aliás, estar à frente do primeiro-ministro (90%) no terreno que devia
ser mais favorável a este último.
À Esquerda do PS,
o apoio não é massivo, mas continua muito elevado: acima dos 60 pontos para
Costa e dos 70 para Marcelo. Mais para a Direita, é entre radicais e liberais
que têm ambos os piores resultados, embora o presidente mantenha saldo positivo
(mais avaliações positivas do que negativas), enquanto o primeiro-ministro é
severamente castigado (com saldos negativos superiores a 60 pontos).
Mas onde a
diferença partidária entre os dois líderes políticos parece mais importante é
no eleitorado do PSD. Marcelo tem uma popularidade elevada entre os apoiantes
do seu partido de origem (83% de avaliações positivas), mas Costa está muitos
pontos abaixo (51%), ainda que recupere o saldo positivo que perdera em
fevereiro.
Saldo positivo
para o Governo
A popularidade do
Governo como um todo está sempre uns furos mais abaixo do que a de Costa (55%
de avaliações positivas), mas acompanha, como sempre, as oscilações do
primeiro-ministro (mais cinco pontos do que no mês de fevereiro). No caso das
avaliações negativas, a queda é ainda mais acentuada (menos nove pontos do que
no mês passado), o que garante um saldo positivo (31 pontos) igual ao de julho
de 2020, que refletiu o melhor momento nesta série de barómetros da Aximage
para o JN, DN e TSF.
Socialista confiam
mais em Marcelo
No que diz
respeito à confiança, Marcelo bate Costa até entre o eleitorado socialista: 35%
confia mais no presidente, 30% prefere o primeiro-ministro. No entanto, é entre
os eleitores comunistas que o equilíbrio é maior, com um ponto de diferença a
favor de Belém. Tendo em conta a dimensão dos segmentos partidários, é
verdadeiramente entre os eleitores sociais-democratas que se faz a diferença:
83% opta por Marcelo, rigorosamente nenhum por Costa.
Radicais e
liberais mais exigentes
Mais de dois
terços dos portugueses (71%) pedem, de forma recorrente, que o presidente seja
mais exigente com o Governo. Mas essa exigência é mais evidente em alguns dos
segmentos da amostra: entre os que vivem na região Norte (75%), entre as
mulheres (75%), entre os mais jovens (79%) e entre os que votam na Direita
liberal (94%) e radical (93%). Significativo é que até 47% dos eleitores
socialistas peçam essa exigência a Marcelo (Jornal de Notícias, texto do
jornalista Rafael Barbosa)
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